França classifica compra de vacina russa por Berlim como “golpe de comunicação”

11 de Abril 2021

“Há uma campanha eleitoral que começa na Alemanha (tendo em vista as eleições legislativas de setembro). Isso também explica que haja muita agitação. Acredito que seja um golpe de comunicação, […]

“Há uma campanha eleitoral que começa na Alemanha (tendo em vista as eleições legislativas de setembro). Isso também explica que haja muita agitação. Acredito que seja um golpe de comunicação, o que lamento”, declarou Clément Beaune num programa “Le Grand Jury” dos meios RTL/Le Figaro/LCI.

“Mandar sinais [..] que dão a impressão de que há doses no frigorífico e que não são usadas, tudo isso não é responsável e não é muito sério”, acrescentou.

Na quinta-feira, investigadores russos anunciaram que a Rússia começou “discussões” com representantes do Governo alemão para a venda da vacina Sputnik V contra a doença covid-19.

Numa mensagem na rede social Twitter, os investigadores e autores da vacina adiantaram que o Fundo Soberano da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento do fármaco, deu início às negociações com Berlim para “um contrato de aquisição antecipado” da Sputnik V.

A agência noticiosa France-Presse (AFP) observa que as negociações de Berlim com Moscovo estão a decorrer sem esperar “luz verde” da União Europeia (UE) e apesar das reservas que a vacina russa continua a suscitar na Europa.

Horas antes das declarações dos investigadores russos, o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, anunciou a intenção de dialogar com as autoridades russas sobre o assunto.

Spahn justificou a decisão de a Alemanha avançar sozinha devido à recusa da Comissão Europeia em negociar em nome dos 27 a compra da Sputnik V, ao contrário do que fez com outras vacinas contra a doença covid-19.

“Expliquei, em nome da Alemanha, ao Conselho de Ministros da Saúde da UE que discutiríamos bilateralmente com a Rússia, antes de mais nada, para saber quando e que quantidades poderiam ser entregues”, indicou Spahn à rádio pública regional WDR.

Recentemente, também o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, criticou a Rússia por fazer da vacina uma “ferramenta de propaganda” no mundo.

Por seu lado, o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, conhecido como o “Senhor Vacina”, foi muito reservado sobre a utilidade para a UE, do ponto de vista industrial, recorrer a vacinas chinesas ou russas, que não seriam produzidas e entregues com a rapidez necessária.

“Será que eles nos vão ajudar a atingir a nossa meta de imunização da [população] até ao verão de 2021? Receio que a resposta seja não”, afirmou Breton.

Segundo as autoridades alemãs, qualquer entrega da Sputnik V, porém, continua sujeita à “luz verde” da Agência Europeia de Medicamentos.

LUSA/HN

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