Empresários da restauração em Faro pedem planeamento e regras mais flexiveís

18 de Abril 2021

Empresários da restauração e animação noturna em Faro lamentam a falta de informação para se prepararem para a terceira fase do desconfinamento e pedem ao Governo mais planeamento e regras de funcionamento adaptadas aos modelos de negócio.

Com o anúncio do Governo, na passada quinta-feira, de que à exceção de Albufeira e Portimão, os restantes concelhos algarvios avançam na segunda-feira para a nova fase de desconfinamento, proprietários de bares e restaurantes da capital algarvia queixaram-se à Lusa de haver questões ainda por esclarecer.

“Vamos abrir no dia 19, mas ainda não sabemos se as medidas se vão manter, se os fins de semana vão estar fechados, qual é o horário. A ideia é tentar saber se podemos abrir ou não, a começar a contratar pessoas, planear e projetar, porque agora está tudo parado”, afirmou à Lusa Miguel Gião.

Referindo que “60 a 70%” dos estabelecimentos não regressou ainda à atividade, o empresário disse discordar dos horários estabelecidos pelo Governo, que “não permitem” nem a “rotatividade de clientes”, nem uma gestão dos produtos alimentares frescos, como é o caso de um dos seus restaurantes, dedicado ao marisco.

Para o empresário, membro da direção da Associação Cultural e Ativista da Baixa de Faro (OCAB), o melhor apoio para as empresas seria “deixar trabalhar [os espaços] com uma ocupação limitada a 50%”, mas com horários “justos e adaptados a cada modelo de negócio”.

Numa região muito dependente do turismo, reconheceu que “muitos dos colegas mantêm as portas fechadas”, já que o modelo de negócio da região é direcionado para o turismo e mesmo a possibilidade de abertura das esplanadas “não compensa”.

Com o turismo na capital algarvia a conhecer um novo fôlego nos últimos anos e o setor de restauração em crescimento, antes da pandemia houve quem fizesse investimentos para abrir novos espaços e não saiba agora se vai manter os planos.

André Mendonça, empresário da restauração, contou à Lusa que tem “dois espaços abertos”, um que ainda não sabe se “irá abrir” e outros dois que “não irão abrir este ano”, depois de um ano marcado pela incerteza e por dificuldades.

Para o jovem empresário, também membro da direção da OCAB, a gestão dos negócios nestes meses de pandemia “não tem sido fácil” e mesmo com o recurso ao ‘lay-off’ “é sempre difícil manter todos os postos de trabalho”, até porque uma parte do valor “tem de ser suportado pelas empresas”.

“Empresas com faturação tão baixa como 10% têm que aguentar 30 a 40% da despesa com os funcionários. Quem iniciou ‘lay-off’ acabou por não renovar parte dos contratos e houve bons empregados que acabaram por ir para o desemprego”, lamentou.

Em relação à entrada na terceira fase do plano de desconfinamento, André Mendonça manifestou algum ceticismo, afirmando não saber se os empresários poderão contar com as “condições que foram propostas”.

“É uma incógnita. Temos de estar dia a dia a tentar perceber o que nos vai acontecer e como teremos de adaptar o nosso negócio. Temos dois a três dias para adaptar o negócio, equipa e horários de uma realidade para outra. É um ‘stress’ constante”, confessou.

Outra das áreas ainda sem qualquer perspetiva de abertura é a da diversão noturna, com o empresário André Pereira a lembrar que o setor está há “13 meses parado”, sem qualquer perspetiva de abertura, numa “total ausência de um plano junto do Governo para a abertura ou uma reorganização”.

André Pereira argumentou que há espaços que sendo ao “ar livre e tendo esplanadas” conseguem ser adaptados à situação de pandemia, à semelhança do que foi feito no “último verão”, mas há outros, como é também o seu caso, que “sendo fechados” não têm qualquer perspetiva.

“Vamos continuar fechados e esperar que haja algum desenlace. Há colegas que já assumiram que não vão abrir. Há rendas caríssimas, há muitos que funcionaram para pagar [as rendas]”, conclui.

Portugal avança na segunda-feira para a terceira etapa do desconfinamento com o regresso às aulas presenciais no secundário e superior e a reabertura de lojas, restaurantes e cafés, mas 10 concelhos não acompanham esta nova fase.

A decisão da generalidade do país avançar para a próxima fase do processo de desconfinamento foi anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, na quinta-feira.

Quatro concelhos – Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior -, recuam à primeira fase do desconfinamento e outros seis permanecem na fase atual, a segunda.

Nestes quatro concelhos, volta a ser proibido circular para fora do município, restrição que se aplica diariamente, a partir de segunda-feira e durante os próximos 15 dias, ainda que estejam previstas exceções, como trabalho ou assistência a familiares.

O plano de desconfinamento do Governo prevê quatro fases, duas já implementadas a 15 de março e a 05 de abril, estando a próxima prevista para 19 de abril e a última para 03 de maio.

LUSA/HN

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