Sindicato responsabiliza Governo pela exclusão do superior da vacinação prioritária

23 de Abril 2021

O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) considerou esta sexta-feira que a exclusão dos docentes das universidades e politécnicos das prioridades na vacinação contra a Covid-19 revela despreocupação do Governo em garantir segurança no regresso às aulas presenciais.  

“O regresso ao ensino presencial é muito importante para garantir a qualidade das aprendizagens e é muito preocupante que não exista da parte do Governo a preocupação de garantir as melhores condições para se fazer este regresso”, lamentou a presidente do sindicato, Mariana Gaio Alves.

Em declarações à Lusa, a dirigente sindical considerou que a vacinação contra accovid-19 dos docentes e não docentes do ensino superior daria aos profissionais a segurança necessária para retomarem as atividades presenciais.

No entanto, ao contrário dos colegas dos restantes níveis de ensino, os trabalhadores do superior não foram incluídos nos grupos prioritários da vacinação e, por isso, alguns têm recusado dar aulas.

“Em outubro, o SNESup emitiu um pré-aviso de greve que visa, precisamente, permitir que possam não dar uma aula quando sentem que não estão reunidas as condições de segurança para tal e é isso que está agora a acontecer”, confirmou Mariana Gaio Alves, sem precisar números.

No entender da presidente do SNESup, a ausência dos trabalhadores do ensino superior dos grupos prioritários para a vacinação “continua completamente inexplicável” e na hora de atribuir responsabilidades, Mariana Gaio Alves aponta o dedo à tutela.

“Não entendemos como é que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) não salvaguardou esta situação”, afirmou, acrescentando que não existe prova científica de que o risco de contágio seja inferior neste nível de ensino e que o número de profissionais a vacinar (cerca de 50 mil) é “irrisório” no contexto da estratégia de vacinação massiva.

Por outro lado, Mariana Gaio Alves disse ainda que os rastreios à covid-19 na reabertura das instituições são insuficientes para dar segurança à comunidade académica, até porque, de acordo com denúncias que o sindicato diz ter recebido, algumas universidades e politécnicos não preveem a repetição dos testes.

Tudo isto, acrescenta, reflete-se na opção de muitas instituições de ensino superior de manter algumas aulas em regime de ensino à distância, em vez de retomarem em pleno as atividades presenciais, como está a acontecer no ensino básico e secundário.

“Acho que o recurso a estas soluções, que são remendos, é uma resposta também às pessoas que não se sentem seguras e as instituições acabam por defender que algumas atividades devem acontecer online”, explicou.

No entanto, a presidente do SNESup sublinhou que não é essa a natureza da maioria dos cursos e que a forma como as aulas têm decorrido desde o início da pandemia, em março do ano passado, não é um verdadeiro modelo de ensino-aprendizagem híbrido, mas “uma forma de dar resposta a uma emergência”.

“A situação pandémica não permite funcionar da forma como estávamos a funcionar, mas o que está em causa a seguir é que se há condições para dar mais segurança para voltarmos a esse regime normal, é isso que tem de ser feito”, afirmou.

À semelhança do SNESup, também o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) considerou hoje uma “inexplicável discriminação” a ausência dos funcionários do ensino superior dos grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19, pedindo que a situação seja corrigida.

“Não há razão científica que justifique a opção de priorizar a vacinação de profissionais de apenas alguns níveis de ensino. O risco de transmissão do SARS-CoV-2 é semelhante em qualquer sala de aula ou qualquer estabelecimento de ensino, sabendo que foi precisamente ao nível do ensino superior que se detetaram, em Portugal, os primeiros casos de Covid-19 em contexto escolar”, referiram em comunicado.

Na sequência desta posição, a tutela respondeu reiterando que os critérios da vacinação contra a Covid-19 são determinados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela “task force” que coordena o processo de administração das vacinas.

Já antes, em 23 de março, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, tinha dito não conseguir “apoiar qualquer iniciativa de âmbito corporativo nessa área”.

“O ensino superior é particularmente específico, o número de horas de contacto é particularmente reduzido e há muitas outras profissões que são tão aptas a ser vacinadas como o ensino superior. Devemos seguir o plano como está, com firmeza e segurança e garantir que atingimos rapidamente a imunidade de toda a população, e apelo aos docentes do ensino superior que sejam solidários com toda a população”, frisou na altura.

LUSA/HN

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