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Comunicar saúde, parabéns HealthNews
O último ano foi inevitavelmente marcado pela pandemia Covid-19. A saúde ganhou uma relevância sem precedentes, impactando todas as dimensões da nossa vida. Os profundos vazos comunicantes e bidirecionais, entre saúde e economia, foram totalmente expostos. Mas não foi apenas a pandemia que assumiu uma centralidade inesperada. A infodemia atingiu-nos com força desmedida.
A receita para o recrudescimento deste tipo de fenómenos sociais é relativamente simples de enumerar, o grande desafio passa por apresentar respostas e estratégias de comunicação eficazes para os combater e resolver. Uma sociedade cada vez mais polarizada, que se vê perante uma situação nova, desconhecida e imprevisível, que afeta todas as dimensões da sua existência, causando uma enorme ansiedade económica e social, são as principais causas que concorrem para alimentar a infodemia. A que se juntam atores, coletivos ou individuais, que julgam ter uma oportunidade obter ganhos de causa espalhando desinformação.
Os danos são sérios, podendo ser de natureza direta ou indireta. Por um lado, temos pessoas a seguir conselhos que são nocivos para a sua própria saúde. Um pouco por todo o mundo, chegam-nos histórias de pessoas que faleceram ao ingerir metanol, lixivia ou hidroxicloriquina. São as vitimas visíveis de uma campanha negra de desinformação. Mas o seu alcance não se fica por aqui. A sua iniqua influência também se estende ao diminuir a adesão às medidas de saúde pública ou à vacinação, colocando em causa, ou atrasando, os objetivos que deveriam ser comuns e gerais: ultrapassar rapidamente este difícil capítulo da nossa existência.
Não é por acaso, que a OMS caracterizou a desinformação como um problema de saúde pública. Atrasam e minam o combate à pandemia. Curiosamente, ao contrário do que pensam muitos dos que espalham este tipo de conteúdos, este fenómeno não é propriamente novo. É apenas mais amplificado pelas redes sociais. Já na epidemia de cólera de 1853-56, encontramos posições na imprensa que hoje seriam apelidadas claramente como negacionistas, desde negar a própria existência da doença, ou atribuir culpas à preguiça dos camponeses pobres. Em ambos os casos a solução defendida era a mesma: não fazer nada e manter os portos abertos.
É necessário identificar as pessoas mais vulneráveis a cair na teia de desinformação. Quais os fatores subjacentes mais relevantes e atuar nestes determinantes. Sabemos que muitas vezes a relação é mais emocional que racional, pelo que a comunicação deve ser planeada e adaptada às diferentes camadas da sociedade. Se há dimensão onde a ausência de uma task force da comunicação mais se fazia sentir, era precisamente na abordagem aos movimentos negacionistas.
O jornal HealthNews nasceu em bora hora. Fazia falta um órgão independente e em língua portuguesa, que tivesse informação rigorosa sobre temas da saúde, com foco não só em Portugal como em toda a lusofonia. Para conseguir achatar a curva da infodemia, precisamos de bons meios de comunicação social, que auxiliem no processo de verificar fontes, que não façam títulos sensacionalistas e sejam suportados com informações credíveis.
A democracia e sociedade precisam de uma imprensa forte. Projetos como o HealthNews são muito bem-vindos. Que 2021 traga consigo o destaque que o jornal merece.


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