Ministro da Saúde do Brasil defende distanciamento social até ao fim da vacinação

7 de Maio 2021

O ministro da Saúde brasileiro admitiu, numa comissão parlamentar de inquérito, que o distanciamento social vai ser necessário até à conclusão do processo de vacinação.

Marcelo Queiroga (na imagem), o quarto ministro da Saúde desde o início da pandemia no Brasil, que já causou quase 416 mil mortes e 15 milhões de casos, compareceu na quinta-feira perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada pelo Senado brasileiro para identificar possíveis falhas e omissões do Governo no combate à covid-19.

O ministro foi questionado por senadores, principalmente da oposição, sobre as declarações do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a minimizar o impacto da pandemia e sobre as críticas do chefe de Estado ao uso de máscaras e medidas de isolamento.

Queiroga afirmou, repetidamente, não estar em condições de “fazer julgamentos de valor” ou censurar as “opiniões pessoais” do Presidente, mas frisou que o Ministério da Saúde está comprometido na procura de vacinas e na promoção de “medidas não farmacológicas” para conter o contágio.

“O meu papel não é criticar o Presidente ou outros ministros”, mas sim tentar convencer os brasileiros a manter “os cuidados necessários”, declarou o ministro e médico.

Em relação a possíveis confinamentos ou às restrições que Bolsonaro tem rejeitado, o ministro reconheceu que “essas medidas extremas podem ser aplicadas em situações específicas em algum município”, mas descartou que possam ser impostas a nível nacional, num país tão grande como Brasil, com 212 milhões de habitantes.

Mesmo assim, frisou que este tipo de restrição “não conta com a adesão de toda a população”, pelo que é recomendável que se incentive o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool-gel, apesar de essas não serem práticas habituais de Bolsonaro.

O ministro insistiu que, embora a curva pandémica tenha diminuído nas últimas semanas, em número de mortes e de casos, “não é hora de relaxar”, mas de acentuar todas as medidas preventivas para evitar uma nova vaga.

O governante admitiu ter sido divulgado um número sobrestimado de vacinas já contratadas contra a covid-19.

Nesta quinta-feira, a CPI tinha previsto ouvir o depoimento do diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador), Antonio Barra Torres, mas a audição foi adiada para a próxima semana por falta de tempo.

A investigação parlamentar no Senado, que tem um prazo inicial de 90 dias, tem como objetivo determinar as responsabilidades pelos problemas na gestão da pandemia.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.244.598 mortos no mundo, resultantes de mais de 155,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.988 pessoas dos 838.475 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

NR/HN/LUSA

 

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