Estudantes franceses com incerteza sobre o futuro no regresso às aulas

10 de Maio 2021

Os estudantes franceses do ensino básico e secundário voltaram na passada semana à escola, mas o regresso foi feito em clima de protesto devido à manutenção dos exames nacionais e à incerteza de muitos jovens face ao futuro.

“A escola vai mal. Os nossos filhos não estão preparados. Estudaram em casa, mas não é a mesma coisa. Há muitos jovens que nos dizem que não estão bem”, afirmou à agência Lusa Carla Dugault, co-presidente da Federação das Associações de Paris (FCPE).

Na quarta-feira, a FCPE, assim como várias associações de estudantes e professores manifestaram-se à porta da Assembleia Nacional para pedirem ao ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, que não houvesse exames em 2021 já que o ano letivo teve várias interrupções devido à pandemia de Covid-19.

O ministro não cedeu, tentando um compromisso em que os exames são mantidos, assim como uma nova prova, a grande oral, mas no caso da Filosofia para o equivalente ao 12.º ano, contará apenas a nota mais elevada entre estas provas finais e a avaliação contínua.

A decisão não agradou aos estudantes que durante a semana se têm manifestado nas escolas, ocupando nalguns casos os liceus e não permitindo o decorrer normal das aulas.

“Em junho de 2021 vai entrar em vigor a reforma do ensino secundário que ele [Jean-Michel Blanquer] implementou e as coisas têm de se passar como ele acha que se devem passar. É algo muito político e ele não ouve as nossas propostas ou sugestões”, queixou-se Dugault.

A linha de emergência da FCPE aberta a pais, professores e alunos tem recebido muitas chamadas de jovens a partir dos 14 anos preocupados com o seu futuro e com receio que os conhecimentos adquiridos no último ano e meio não sejam suficientes para prosseguirem os estudos superiores, assim como preocupações a nível da economia familiar.

“Um dos riscos da crise é termos uma redução dos níveis de qualificação no nosso país. As pessoas que pensam em fazer estudos superiores não vão fazer, desde logo por causa da sua condição económica, mas também porque vão faltar recursos às universidades para acolher estes jovens”, disse Mélanie Luce, presidente da União Nacional dos Estudantes de França.

De forma a colmatar as lacunas nas aprendizagens, a FCPE sugeriu ao ministério substituir o mês de junho já de férias escolares para os mais novos e de exames para quem está a terminar a escolaridade obrigatória, por um mês extra de aulas, mas essa não foi a escolha do Governo.

De forma a lidar com o stress, angústia e luto causado às crianças e jovens pela pandemia, o Presidente da República, Emmanuel Macron, instaurou desde o início do ano um cheque de apoio psicológico que prevê três sessões gratuitas com um profissional de saúde habilitado, já que estas sessões não são normalmente reembolsadas pela Segurança Social francesa.

No entanto, este acompanhamento, segundo Carla Dugault não chega.

“É algo positivo, mas não é suficiente, é um trabalho que vai durar muito tempo. Hoje penso que as crianças são os esquecidos da pandemia e isso não é normal, todos os dias tenho jovens ao telefone que não estão bem”, concluiu.

Várias figuras políticas, incluindo presidente da Assembleia Nacional, Richard Ferrand, já vieram pedir ao ministro que estenda a opção da melhor nota a outras provas, nomadamente a prova de 10.º ano de francês, uma das mais temidas pelos estudantes gauleses.

LUSA/HN

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