Maláui queima quase 20 mil vacinas que tinham expirado em abril

19 de Maio 2021

O Maláui queimou esta quarta-feira quase 20 mil doses de vacinas contra a Covid-19 da multinacional farmacêutica AstraZeneca que tinham expirado em abril, anunciou o Governo.

As 19.610 doses, destruídas hoje de manhã no Hospital Central de Kamuzu, na capital Lilongwe, sobraram de um lote de 102 mil que chegaram ao Maláui em 26 de março com apenas 18 dias de duração e expiraram em 13 de abril, segundo o secretário da Saúde, Charles Mwansambo.

Todas as outras doses do carregamento, doadas pela União Africana (UA), foram administradas com sucesso, acrescentou.

A queima de vacinas no Maláui contraria os apelos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) para que não seja feito.

No mês passado, estas organizações exortaram os países africanos a não destruírem as vacinas Covid-19 que ultrapassaram as datas de validade, dizendo que ainda podem ser utilizadas em segurança.

Os apelos chegaram demasiado tarde para o Maláui, país da África Austral com cerca de 20 milhões de pessoas, disse o porta-voz do Ministério da Saúde, Joshua Malangom, citado pela Associated Press.

“Deixámos de ter mecanismos de armazenamento adequados e as vacinas teriam sido inutilizadas de uma forma ou de outra”, acrescentou.

A destruição das vacinas foi testemunhada por vários altos funcionários dos gabinetes do auditor-geral, do Tesouro, e anticorrupção “a fim de aumentar a transparência”, segundo o secretário da Saúde.

“O Maláui tem ainda suficientes vacinas covid-19, tanto em instalações de saúde públicas como privadas”, adiantou.

O país recebeu a sua primeira remessa de 360 mil doses da AstraZeneca no início de março através da iniciativa Covax, apoiada pela ONU, que visa fornecer vacinas a países de baixo e médio rendimento.

Chegou outro lote de 50.000 doses da AstraZeneca do governo indiano e, com a doação da UA, totalizou 512 mil doses da AstraZeneca.

Até agora, foram administradas 212.615 doses no país, que regista 34.216 casos confirmados de Covid-19, incluindo 1.153 mortes, de acordo com o África CDC.

O país está a assistir a uma diminuição da doença, com os novos casos diários de infeções a caírem de 0,07 por 100.000 habitantes em 4 de maio para 0,04 por 100.000 habitantes em 18 de maio.

As mortes oficiais da Covid-19 também estão a diminuir, de acordo com estatísticas da Universidade Johns Hopkins.

O Maláui, tal como muitos outros países africanos, tem recebido sobretudo vacinas da AstraZeneca, distribuídas pela Covax e pela União Africana, mas o fornecimento tornou-se mais escasso porque a Índia, o principal fornecedor de vacinas à Covax, parou as exportações até ter vacinado adequadamente um grande número da sua população de 1,4 mil milhões de pessoas.

O Instituto Sérum da Índia, o maior fabricante de vacinas do mundo, afirmou que espera recomeçar a fornecer vacinas contra o coronavírus à Covax e a outros países até ao final do ano.

Esta paragem irá atrasar significativamente os esforços globais para imunizar as pessoas contra a Covid-19.

A empresa disse em março que estava a adiar todas as exportações de vacinas contra o coronavírus para lidar com o surto explosivo de casos no subcontinente.

Na altura, a Organização Mundial da Saúde disse esperar que as entregas de vacinas fossem retomadas até junho e que a interrupção afetaria cerca de 90 milhões de doses.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Trabalhadores da Saúde em greve pela valorização da carreira

Os trabalhadores da saúde estão hoje em greve pela valorização da carreira e contratação de trabalhadores, acusando o Governo de adiar “a resolução dos problemas” por estar cerca de meio ano sem negociar com o sindicato representativo.

SIM rejeita aumento salarial de 5% proposto pelo Governo

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) rejeitou hoje a proposta de aumento salarial de 5% apresentada pelo Ministério da Saúde, alegando que está a uma “distância muito considerável” dos 15% de acréscimo que reivindica.

RDCongo em “alerta máximo” devido a doença de origem desconhecida

 A República Democrática do Congo (RDCongo) está em “alerta máximo” devido a uma doença de origem desconhecida, da qual foram detetados 382 casos e relatadas pelo menos 71 mortes, disse hoje o ministro congolês da Saúde Pública, Samuel Mulamba.

MAIS LIDAS

Share This