Alemanha promete investigar notícias sobre fraude em testes gratuitos

29 de Maio 2021

O Governo da Alemanha anunciou hoje que vai aumentar as investigações à faturação de testes rápidos de covid-19, na sequência de várias notícias sobre fraudes nos reembolsos aos comerciantes que vendem estes produtos.

“Qualquer pessoa que utilize a pandemia para enriquecer criminalmente deve ter vergonha de si próprio”, escreveu o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, no Twitter, no mesmo dia em que vários jornais, incluindo o Suddeutsche Zeitung e o Tagesspiegel, publicaram uma investigação que indicia fraudes nesta área.

Em causa está o pagamento de até 18 euros que o Governo, para aumentar o rastreio, faz aos comerciantes que disponibilizam os testes rápidos aos cidadãos, e que dependem apenas da informação dada pelo vendedor, não havendo nem fatura nem identificação dos consumidores.

De acordo com o Suddeutsche Zeitung, que comparou o número de pessoas testadas com os números reportados pelos centros de vacinação, que incluem estabelecimentos comerciais sem ligação à saúde, a discrepância era significativa, com um local a fazer 100 testes e a indicar às autoridades que fez 422, outro, em vez de 550, reportou ter feito 1.743 testes num só dia.

A investigação conjunta revelou também que “qualquer vendedor de ‘kebabs’ pode obter um certificado para disponibilizar testes”, segundo uma fonte do setor citada pelo jornal Tagesspiegel, que diz que, desde que os testes gratuitos foram disponibilizados à população, estes pontos de rastreio multiplicaram-se, havendo mais de 8 mil só na região do norte da Vestefália e 1.200 na capital alemã, Berlim.

“O pragmatismo é necessário neste momento, mas aqueles que exploram a doença não podem escapar incólumes”, garantiu o governante, salientando que as fraudes, a confirmarem-se, não podem afetar a imagem dos comerciantes que disponibilizam os testes, que o fazem “com grande empenho e de forma muito profissional”.

A incidência acumulada de casos de covid-19 na Alemanha mantém a evolução em baixa, atingindo os 37,5 casos em sete dias por 100 mil habitantes, o valor mais baixo desde outubro, segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Robert Koch.

Com este número de casos, o país fica dois pontos e meio acima do nível a partir do qual deve passar para o patamar seguinte de alívio das medidas de restrição para combater a pandemia de covid-19, segundo a agência de notícias espanhola Efe.

Segundo os dados, foram registados nas últimas 24 horas 5.426 novos contágios e 163 vítimas mortais, enquanto no dia anterior tinham sido assinalados 7.380 casos positivos de SARS CoV-2 e 192 óbitos.

Desde meados de abril, tem-se observado um decréscimo consolidado no número de contágios, o que permitiu uma desaceleração lenta, mas progressiva, após mais de quatro meses em que a restauração, a vida cultural, as instalações desportivas, o lazer e as lojas não essenciais foram encerradas.

Desde o início da pandemia, já morreram na Alemanha 88.350 pessoas e registaram-se 3,6 milhões de casos, dos quais 3,4 milhões são doentes recuperados.

Mais de 35 milhões de pessoas – 42,1% do total da população – já receberam pelo menos uma dose da vacina, enquanto 13,6 milhões – 16,4% do total – têm a vacinação completa.

Os que estão totalmente imunizados estão isentos de ter de apresentar um teste negativo para aceder a lojas ou museus, assim como os doentes que recuperaram da doença.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.513.088 mortos no mundo, resultantes de mais de 168,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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