Em entrevista à agência Lusa antes de deixar o cargo de porta-voz do partido e de deputado, André Silva acusou a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de ser “uma marioneta nas mãos da CAP, entidade que apenas visa o lucro”.
Apontando que isso acontece à “custa da exploração não só dos recursos ambientais como das pessoas”, o líder cessante do PAN refere que “a violação dos direitos humanos está a ocorrer há muito tempo” e que o partido tem vindo a alertar “para isso desde há muitos anos, inclusivamente em debates quinzenais”.
“O que é que a ministra da Agricultura fez? Não fez nada, porque essa não é a vontade da CAP”, criticou, defendendo que o ministro do Ambiente também “nada” fez.
Na ótica do PAN, João Pedro Matos Fernandes “fica em silêncio a assobiar para o ar e o senhor ministro das Finanças ainda paga, paga para estes senhores estarem a fazer este tipo de exploração absolutamente intensiva em que estão a depredar” os “recursos ambientais e a punir severamente e a violar severamente os direitos de pessoas que deviam ser protegidas, e não só não são protegidas como ainda são exploradas”.
“No caso de Odemira também pediram a cabeça de Eduardo Cabrita. Então e o ministro do Ambiente e a ministra da Agricultura?”, questionou, defendendo que a “sair deviam sair ser os três evidentemente”.
André Silva justificou que, “no caso concreto de Odemira, antes do ministro Eduardo Cabrita estão estes dois ministros que nada fizeram e que sabiam e que eram conscientes e que assobiaram para o ar”.
“No caso da ministra da Agricultura, que está dependente das vontades da CAP, que manda no Ministério da Agricultura, e no caso do ministro do Ambiente, que assobiou para o ar e que nunca teve um papel preponderante, nunca teve a coragem até hoje de apontar aqueles que são os impactos da produção, os impactos ambientais na produção agrícola”, sustentou igualmente, criticando que o ministro “não se incomoda que se façam explorações de lítio e de outros minérios a céu aberto em zonas classificadas”.
E sublinhou que “a exploração intensiva de recursos naturais anda quase sempre ou sempre aliada à exploração de recursos humanos e, neste caso, de violação de direitos humanos”.
“Estamos a falar de estufas de Odemira, podíamos falar do olival intensivo, podíamos falar da plantação ilegal intensiva e massiva de abacates em regiões onde não há água, onde as populações para terem água para as suas necessidades básicas têm que ser abastecidas por autotanque”, elencou o porta-voz do PAN.
A pandemia colocou a descoberto as condições precárias de habitabilidade, de trabalho e de rendimentos dos imigrantes que trabalham na agricultura em Odemira, uma situação classificada pelo primeiro-ministro como uma “violação dos direitos humanos”.
LUSA/HN
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