Angola reduz previsão de produção de petróleo em 27 mil barris/dia para 2021

14 de Junho 2021

A produção petrolífera de Angola deverá ficar este ano nos 1,193 milhões de barris de petróleo diários, uma meta inferior em 27 mil barris face às previsões iniciais, mas que o ministro angolano do Petróleo quer fazer cumprir.

“Para 2021, a previsão inicial era de 1.220.400 barris de petróleo/dia, entretanto houve um ajuste intercalar e temos como previsão 1.193.420 barris e o que estamos a fazer é no sentido de cumprir esta nova previsão”, adiantou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo (na imagem), em entrevista à Lusa.

O responsável lembrou que a produção angolana é maioritariamente proveniente de campos maduros, que já atingiram um pico de produção e estão em fase de declínio, o que só poderá ser revertido ou mitigado com investimentos na pesquisa, tendo sido aprovada uma estratégia nacional para aumentar o conhecimento sobre o potencial de petróleo em Angola.

Também em 2020, a meta de 1.283.450 barris por dia ficou aquém do previsto e Angola produziu apenas 1.271.460 barris.

“Devido à covid-19, o preço do petróleo sofreu uma baixa relevante, o que levou também ao atraso na atividade de sondagem de novos poços, muito importante para a sustentabilidade da previsão”, justificou Diamantino Azevedo.

O ano passado ficou marcado por quedas acentuadas nas cotações de petróleo, levando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), à qual pertence Angola, a atuar no sentido de equilibrar o mercado, ajustando a produção.

Com as projeções a apontarem para um aumento da procura global de petróleo entre 2022 e 2025, impulsionado pelo regresso ao crescimento de algumas economias, são de esperar reflexos a nível de preços, mas Diamantino Azevedo é cauteloso quanto a uma possível revisão do valor definido no Orçamento Geral do Estado (39 dólares).

“Não temos previsão de revisão até este momento do preço previsto. É certo que ficaríamos satisfeitos se a média do preço ficasse acima do previsto no orçamento”, declarou.

O governante admitiu que houve falta de investimento no setor, sublinhando que, quando assumiu as suas funções, em outubro de 2017, ficou claro que seriam necessárias mudanças, que o executivo tem estado a promover.

Destacou entre estas a introdução de um novo modelo de governação em que foi retirada a função concessionária à petrolífera estatal Sonangol, agora assumida pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), a criação de um instituto regulador e o lançamento de um programa de licitações de blocos petrolíferos que se estende até 2025, bem como alterações à legislação para facilitar o investimento.

“Vamos lançar em breve, através da ANPG, um estudo sobre a competitividade da indústria de petróleo em Angola, vai ser um instrumento para aperfeiçoar o ambiente de negócios em Angola”, avançou.

O Governo tem estado também a trabalhar no aumento da capacidade de refinação do petróleo em Angola, prevendo a construção de três novas refinarias em Cabinda, cujas obras já se iniciaram, Soyo, atualmente em fase de negociações com o consórcio americano que venceu o concurso, e Lobito, cujo projeto está mais atrasado, embora o ministro mantenha a intenção de concluir a infraestrutura no atual mandato.

“Foi necessário fazer reajustes no projeto porque não estávamos satisfeitos com o custo de capital”, afirmou Diamantino Azevedo, acrescentando que a revisão da componente tecnológica e económica já terminou e, em breve, o projeto será retomado.

Também “avançado” está o processo em torno da exploração de gás não associado ao petróleo, através de um consórcio em que participam a Sonangol e as multinacionais que operam em Angola (BP, Chevron, Total e Eni).

“Estamos a finalizar tudo para que o consórcio possa finalmente, entrar em ação em breve”, referiu o governante, sem avançar datas.

Raquel Rio (Texto), Marcos Focosso (Vídeo) e Ampe Rogério (Fotos), da agência Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Braga celebra protocolo com Fundação Infantil Ronald McDonald

A ULS de Braga e a Fundação Infantil Ronald McDonald assinaram ontem um protocolo de colaboração com o objetivo dar início à oferta de Kits de Acolhimento Hospitalar da Fundação Infantil Ronald McDonald aos pais e acompanhantes de crianças internadas nos serviços do Hospital de Braga.

DE-SNS mantém silêncio perante ultimato da ministra

Após o Jornal Expresso ter noticiado que Ana Paula Martins deu 60 dias à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para entregar um relatório sobre as mudanças em curso, o HealthNews esclareceu junto do Ministério da Saúde algumas dúvidas sobre o despacho emitido esta semana. A Direção Executiva, para já, não faz comentários.

FNAM lança aviso a tutela: “Não queremos jogos de bastidores nem negociatas obscuras”

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta sexta-feira esperar que, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, “haja abertura para celebrar um protocolo negocial”. Em declarações ao HealthNews, Joana Bordalo e Sá deixou um alerta à ministra: ” Não queremos jogos de bastidores na mesa negocial. Não queremos negociatas obscuras.”

SNE saúda pedido de relatório sobre mudanças implementadas na Saúde

O Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE) afirmou, esta sexta-feira, que vê com “bons olhos” o despacho, emitido pela ministra da Saúde, que solicita à Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) um relatório do estado atual das mudanças implementadas desde o início de atividade da entidade.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights