Psicólogo defende que institucionalização de idosos não deve ser primeira opção

7 de Julho 2021

A institucionalização das pessoas mais velhas não deve ser a primeira opção defendeu esta quarta-feira o psicólogo e autor do livro "Ageing in Place - envelhecimento em casa e na comunidade".

Na sequência do primeiro trabalho “Guia de Boas Práticas Ageing in Place”, publicado em 2018, António Fonseca voltou a teorizar e fundamentar o termo ‘Agein in Place’, que segundo a Organização Mundial de Saúde se traduz no objetivo preferencial de se poder viver e envelhecer em casa e na comunidade, com segurança e de forma independente.

Em declarações à Lusa, o investigador defendeu que o envelhecimento em casa e na comunidade é natural, um direito, e deve ser a primeira opção, tendo por isso de se valorizar respostas locais que terão “necessariamente de ser apoiadas pelo Estado”, em vez de se criarem mais lares.

“Mais de 90% das pessoas mais velhas vivem nas suas casas e é assim que deve ser como opção natural. A solução institucional em ambiente de lar deve ser encarada como não natural, embora em alguns casos se justifique, deve ser retardada, daí a necessidade de chamar à atenção para a necessidade de criação e desenvolvimento de estruturas como os serviços de apoio domiciliário e os centros de dia que permitiam dar às pessoas segurança para continuarem a viver nas suas casas”, afirmou.

O recente estudo sistematiza e faz o levantamento das diferentes práticas de promoção do envelhecimento em casa e na comunidade em prática por todo o país, dividindo-se em 12 domínios de aplicação do paradigma – entre os quais se encontra o apoio domiciliário -, que são acompanhados de exemplos práticos, nomeadamente de iniciativas locais, cuja divulgação pode servir de inspiração e levar à replicação em outros contextos, esclareceu o autor.

Na visão do psicólogo as respostas devem ser adaptadas, porque o envelhecimento em casa e na comunidade com qualidade implica condições de acompanhamento, de forma a evitar situações como o isolamento social que se agravou com a pandemia.

“Não podemos ficar à espera que o Estado central ou até mesmo regional diga o que deve ser feito ou como deve ser feito. Em Portugal envelhece-se de forma muito diferente. Há uma disparidade enorme a nível da saúde e de rendimentos com que as pessoas chegam à velhice: há pessoas que recebem 300 euros e outras 2.000 mil euros, portanto são necessárias respostas diferenciadas”, defendeu.

O psicólogo, que estima mais de quatro mil pessoas com mais de 100 anos em Portugal, afirmou ainda que no país mais do que uma população envelhecida, há uma população a envelhecer para quem a primeira opção não deve ser a institucionalização, mas sim o envelhecimento em casa e na comunidade.

Neste momento e até 2022 a Fundação Gulbenkian está a apoiar 15 projetos deste âmbito, escolhidos entre as 132 candidaturas recebidas do concurso “Envelhecimento na Comunidade”, que reúnem na prática respostas que têm a preocupação de corresponder à satisfação de necessidades das pessoas, segundo o investigador.

LUSA/HN

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