Sofia Castellanos demorou cerca de uma semana a pintar, com recurso a pincéis e latas de ‘spray’, “La caravana de la vida” (“A caravana da vida”, em português), um mural com 45 metros de comprimento, com o qual pretende “inspirar as pessoas que passem” na Estrada de Monsanto.
Na obra, na qual se destacam os rosas e azuis, a artista contou à Lusa que quis pintar “elementos ligados a uma vontade de seguir em frente e também elementos que representem o México e Portugal”.
O mural inclui também uma bola de futebol, “porque é a parede de um estádio”, e para Sofia Castellanos, “é importante que os murais pertençam [aos locais] onde estão”.
Além disso, estão lá também as borboletas-monarcas, “um símbolo muito importante no México” e muito presente no trabalho da artista.
“São um símbolo importante da minha própria transformação, porque as borboletas são seres que passam toda a vida a evoluir, a transformarem-se na melhor versão delas, e que apesar de todas as adversidades que podem enfrentar, elas seguem e, eventualmente, conseguem lograr tudo a que se propõem”, explicou.
No fundo, no mural em Lisboa, Sofia Castellanos quis “replicar o que significa estar aqui”, o que sente quando está em Portugal, mas também como gostaria “que as pessoas, quando pensam em México, vejam um pouco o México”.
De acordo com a Embaixada do México, que com esta iniciativa pretende “fazer uma ponte cultural com Lisboa”, a ideia agora é que o resto do muro onde Sofia Castellanos pintou “La caravana de la vida” seja preenchido com obras de outros artistas.
Sofia Castellanos, de 29 anos, oriunda da Cidade do México, é muralista e ilustradora profissional há cerca de seis anos.
Na faculdade estudou Design Gráfico, mas contou à Lusa que nunca teve dúvidas que a pintura e ilustração eram o que queria “fazer da vida”.
Trabalhou um ano com o artista multidisciplinar Gildo Medina e “pouco a pouco” foi seguindo o seu caminho.
“O mural foi o que mais me abriu portas, creio que o mural é uma forma muito especial de partilhar Arte. É uma das formas de tirar a Arte das galerias, de te ligares a uma comunidade, de falar do que se passa ali. São como janelas que podem levar-te a qualquer lugar e isso para mim é muito interessante, e também porque o muralismo é parte essencial da história do México”, referiu.
Além do mural, o trabalho de Sofia Castellanos pode ser visto em Lisboa na exposição “México. Criadores Contemporâneos”, patente na Galeria de Arte do Instituto Camões até 31 de julho, e que inclui também obras de Alejandro Pintado e Rafael Ibarra.
Antes de regressar ao México, Sofia Castellanos irá fazer uma residência artística na fábrica de azulejos Viúva Lamego, da qual resultará uma ‘Lotería’ (um jogo mexicano com algumas semelhanças com o bingo) em azulejos que ficará na posse da Embaixada do México.
LUSA/HN
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