Douro tem de explorar “mercados emergentes” na área da saúde e turismo

21 de Julho 2021

O presidente do Conselho Técnico-Científico da Escola Superior de Saúde da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) afirmou hoje ser necessário promover e explorar “mercados emergentes” na área do turismo e da saúde na Região Demarcada do Douro.

“Quem nos visitava, conhecia o Douro, aproveitava o Douro e nós promovíamos o bem-estar dos turistas que precisavam de cuidados de saúde”, afirmou Vítor Manuel Rodrigues durante o Congresso Douro & Porto 2021, organizado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Na sessão, dedicada ao tema ‘Gentes, Futuro, Trabalho e novos paradigmas’, o docente apresentou os resultados do projeto de investigação ‘Health TuriDouro’ que teve como objetivo caracterizar o perfil dos turistas que frequentam os cruzeiros fluviais no rio Douro, identificar as suas necessidades de saúde e construir uma aplicação móvel, bem como uma plataforma de dados de saúde.

A investigação teve por base um inquérito que abrangeu 1.086 turistas que viajaram entre a Régua e o Pinhão, sendo que desses, 62,5% eram estrangeiros.

Os hábitos alimentares, o consumo de bebidas alcoólicas, a atividade física e o Índice de Massa Corporal (IMC) foram alguns dos critérios avaliados no estudo, no qual a média de idades rondava os 54,9 anos.

“A maior parte dos turistas fazia três refeições por dia. Temos de aproveitar ainda mais a gastronomia, até porque a maior parte dos inquiridos procura também variar os alimentos”, salientou o docente.

Relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas, Vítor Manuel Rodrigues afirmou que 76,5% dos participantes tinham consumido álcool no último mês, o que na sua perspetiva “tem de ser aproveitado pelos empreendedores do Douro”.

“É um caminho que tem de ser feito”, disse, apontando também alternativas e soluções ao nível da atividade física como “outro do caminho a seguir” na Região Demarcada do Douro.

“Cerca de 75,8% dos inquiridos praticavam algumas atividades físicas, como caminhadas, e apesar de 53% estarem dentro do peso normal, 36% estavam em pré obesidade e 9% em obesidade”, referiu, acrescentando que, “este é um caminho para os empreendedores da Região Demarcada do Douro construírem algo dirigido aos turistas”.

A par das entrevistas, o projeto desenvolveu uma plataforma ‘web’ para os operadores turísticos, “a fim de registarem que tipo de serviços de saúde os turistas queriam a bordo”, uma vez que, quando questionados, 86,9% destes viam como importante a presença de um profissional de saúde a bordo dos cruzeiros fluviais.

Os investigadores estruturaram também o protótipo de uma aplicação móvel dirigida aos turistas onde estes pudessem requerer às operadoras no rio Douro os serviços que necessitavam a bordo, uma vez que 73,6% dos inquiridos considerou esta valência tecnológica como “uma necessidade que fazia sentido”.

“Efetivamente, é ainda um campo que pode colocar receio aos operadores turísticos, mas é um campo a explorar. Espero que as autarquias e as autoridades de saúde da região possam, em colaboração com as universidades, tentar ir ao encontro das necessidades dos turistas”, afirmou Vítor Manuel Rodrigues.

O objetivo dos investigadores é “replicar o estudo”, ainda que neste momento, devido à pandemia da covid-19, “não seja possível”, afirmou o responsável, que criticou a “falta de abertura” das grandes empresas que operam no rio Douro para permitir que as investigações se realizem.

O Congresso Douro & Porto 2021, iniciou-se segunda-feira e decorre em formato híbrido até dia 22 de julho.

Sob o lema “Memória e Futuro”, o congresso vai passar por uma “revisitação” à história, sociologia, direito, vitivinicultura, enologia e economia da região, mas “com os olhos postos no futuro”, abordando também questões como a biodiversidade, as alterações climáticas, sustentabilidade, desafios tecnológicos e transformação digital.

“Toda esta vitalidade vai ser debatida e projetada para um futuro que queremos ainda mais risonho. Queremos que a região tenha mais sucesso no futuro do que teve no passado”, afirmou, em declarações à Lusa no sábado, Gilberto Igrejas, presidente do IVDP.

A par da sustentabilidade, a desertificação e o envelhecimento da região são outros dos assuntos em debate.

LUSA/HN

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