Testes serológicos inadequados para tomar decisão sobre terceira dose

10 de Agosto 2021

O especialista Luís Graça defendeu esta terça-feira que a decisão da administração da terceira dose da vacina não pode estar dependente de testes serológicos, que são insuficientes para medir a eficácia das vacinas contra a Covid-19.

“A decisão sobre a necessidade de uma terceira dose terá que ser tomada com base em dados da proteção que as vacinas continuam a manter contra a doença que é causada por esta infeção e não por dados serológicos”, afirmou o especialista em resposta aos jornalistas sobre este tema na conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, onde esteve presente a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Segundo Luís Graça, membro da Comissão Técnica de Vacinação Covid-19, existe “uma grande unanimidade” nas diferentes agências que se pronunciam sobre as vacinas em relação à inadequação de testes serológicos para decisões sobre a vacinação.

“Os testes serológicos não estão recomendados em Portugal nem nos outros países para ser base para a tomada de decisões sobre o estado de proteção conferido pelas vacinas contra a Covid-19”, disse, sustentando que “a eficácia e a efetividade das vacinas não podem ser medidas exclusivamente” por estes testes.

Um estudo realizado por investigadores do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra revelou que a proteção contra a Covid-19 cai três meses após a vacinação completa, tendo levado vários especialistas a defender a realização de testes serológicos junto de grupos populacionais que foram vacinados há mais tempo, como foi o caso dos professores e funcionários das escolas.

Luís Graça lembrou que os ensaios clínicos que foram a base da autorização da utilização das vacinas não se basearam em serologia, mas sim na eficácia das vacinas em prevenir infeções e prevenir a doença causada por essa infeção em pessoas vacinadas.

“Quer em Portugal quer em outros países há uma monitorização contínua da efetividade das vacinas que vão sendo administradas na população para verificar se existe uma perda de efetividade, que se mede com o aumento do número de infeções, e se isso deve condicionar medidas para reforçar a proteção de grupos populacionais onde esta efetividade possa estar a decair”, vincou Luís Graça.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Braga celebra protocolo com Fundação Infantil Ronald McDonald

A ULS de Braga e a Fundação Infantil Ronald McDonald assinaram ontem um protocolo de colaboração com o objetivo dar início à oferta de Kits de Acolhimento Hospitalar da Fundação Infantil Ronald McDonald aos pais e acompanhantes de crianças internadas nos serviços do Hospital de Braga.

DE-SNS mantém silêncio perante ultimato da ministra

Após o Jornal Expresso ter noticiado que Ana Paula Martins deu 60 dias à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para entregar um relatório sobre as mudanças em curso, o HealthNews esclareceu junto do Ministério da Saúde algumas dúvidas sobre o despacho emitido esta semana. A Direção Executiva, para já, não faz comentários.

FNAM lança aviso a tutela: “Não queremos jogos de bastidores nem negociatas obscuras”

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta sexta-feira esperar que, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, “haja abertura para celebrar um protocolo negocial”. Em declarações ao HealthNews, Joana Bordalo e Sá deixou um alerta à ministra: ” Não queremos jogos de bastidores na mesa negocial. Não queremos negociatas obscuras.”

SNE saúda pedido de relatório sobre mudanças implementadas na Saúde

O Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE) afirmou, esta sexta-feira, que vê com “bons olhos” o despacho, emitido pela ministra da Saúde, que solicita à Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) um relatório do estado atual das mudanças implementadas desde o início de atividade da entidade.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights