CDS/Açores repudia atitude “colonialista” do bastonário da Ordem dos Médicos

25 de Agosto 2021

O CDS-PP/Açores, partido que integra o Governo Regional, repudiou esta quarta-feira a “atitude colonialista e violadora” da autonomia do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, devido às declarações sobre o hospital de Ponta Delgada.

“Repudiamos a atitude, colonialista e violadora da autonomia, do bastonário, quando se pronuncia sobre um Conselho de Administração [CA]), algo que não lhe compete a ele ou à Ordem a que preside, extravasando as suas competências institucionais”, assinala o partido em nota de imprensa.

Na terça-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que a administração do Hospital de Ponta Delgada “tem condições para continuar”, mas disse ser necessário corrigir alguns “problemas” na gestão da unidade.

Segundo os centristas, Miguel Guimarães “pronunciou-se de forma sectária e tendenciosa, sobre alegados problemas no Hospital do Divino Espírito Santo, trazidos a público por uma fação de médicos defendendo interesses próprios”.

O CDS-PP, que integra o executivo açoriano em coligação com o PSD e o PPM, realça que essa “fação de médicos” tem “insistentemente tentado boicotar o excelente trabalho que está a ser levado a cabo pelo atual CA”.

“O CDS não compactua, nem compactuará, com interesses instalados que coloquem em causa o Serviço Regional de Saúde [SRS] em favor da medicina privada, que se deve sustentar a si própria e não servindo-se do SRS para sobreviver”, acrescentam os centristas.

O partido defende ainda que o bastonário da Ordem dos Médicos “deveria estar sim preocupado com as acumulações de funções” de alguns profissionais no setor público e privado da região.

O bastonário reuniu-se na terça-feira com o CA do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, numa altura em que têm sido conhecidas várias divergências internas naquela unidade de saúde.

Segundo disse, a Ordem dos Médicos encontrou “boa recetividade” da parte da administração na reunião que durou cerca de duas horas e reconheceu existirem “problemas” internos no hospital relacionados com a comunicação, a informação e o diálogo.

As divergências internas no HDES foram assumidas pelo próprio presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, que em 22 de julho defendeu ser necessário “trabalhar em diálogo” para transformar os “desentendimentos de circunstância” entre a administração e os trabalhadores do Hospital de Ponta Delgada num “entendimento estrutural”.

Também na terça-feira, o PPM, outro partido que integra o Governo dos Açores, criticou a “ingerência” do bastonário da Ordem dos Médicos na autonomia do arquipélago, acusando Miguel Guimarães de “usurpar” as suas competências e de violar os estatutos da ordem.

LUSA/HN

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