Número de hipertensos quase que duplicou em apenas 30 anos

2 de Setembro 2021

O número de adultos com hipertensão, com idades compreendidas entre 30 e 79 anos, passou de 650 milhões para 1280 milhões nos últimos 30 anos, segundo o primeiro estudo mundial […]

O número de adultos com hipertensão, com idades compreendidas entre 30 e 79 anos, passou de 650 milhões para 1280 milhões nos últimos 30 anos, segundo o primeiro estudo mundial exaustivo sobre as tendências referentes à prevalência, deteção, tratamento e controlo da hipertensão, dirigido pelo Imperial College de Londres e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com os resultados, publicados na revista “The Lancet”, quase metade das pessoas não sabiam que tinham hipertensão. 

O estudo, conduzido por uma rede mundial de médicos e investigadores, abrangeu o período compreendido entre 1990 e 2019. Foram utilizados dados de medição e de tratamento da pressão arterial de mais de 100 milhões de pessoas de 184 países, com idades compreendidas entre os 30 e os 79 anos. No seu conjunto, representa cerca de 99% da população mundial. É a mais completa metanálise das tendências mundiais da hipertensão até à data. 

Segundo os investigadores, o aumento do número de pessoas com hipertensão, em todo o mundo, deve-se principalmente ao crescimento e envelhecimento da população.

Ao analisar esta enorme quantidade de dados, os investigadores descobriram que houve poucas mudanças na prevalência geral de hipertensão no mundo, entre 1990 e 2019, mas o seu peso deslocou-se dos países ricos para os países de médio e baixo rendimento. A taxa de prevalência de hipertensão diminuiu nos países ricos – que agora têm, em geral, alguns dos valores mais baixos – mas aumentou em muitos países de médio e baixo rendimento.

Em consequência, o Canadá, Peru e Suíça, registaram uma das prevalências de hipertensão mais baixas do mundo em 2019, enquanto que a República Dominicana, Jamaica e Paraguai surgem com as taxas mais elevadas nas mulheres e a Hungria, Paraguai e Polónia nos homens.

   

De acordo com os dados do estudo, em 2019 Portugal surge na lista dos dez países com as taxas de tratamento da hipertensão mais altas no sexo feminino, com valores a rondar os 71% (ver anexo).

Embora a hipertensão seja relativamente fácil de diagnosticar e de tratar, o estudo revelou importantes lacunas no diagnóstico e no tratamento. Cerca de 580 milhões de pessoas com hipertensão (41% das mulheres e 51% dos homens) desconheciam que eram hipertensos.

O estudo também indicou que mais de metade das pessoas (53% das mulheres e 62% dos homens) com hipertensão, isto é, um total de 720 milhões de pessoas, não recebiam o tratamento de que necessitavam. A pressão arterial estava controlada, ou seja, os medicamentos mantinham eficazmente a pressão arterial em valores normais, em menos de uma em cada quatro mulheres e um em cada cinco homens com hipertensão.

O professor Majid Ezzati, autor principal do estudo e professor da Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres assinalou que “quase meio século depois de começarmos a tratar a hipertensão, que é fácil de diagnosticar e tratar com medicamentos, é uma falha da Saúde Pública que, no mundo, tantas pessoas com hipertensão ainda não estejam a receber o tratamento de que necessitam”.

Os homens e as mulheres do Canadá, Islândia e República da Coreia tinham maior probabilidade de receber medicamentos para tratar e controlar eficazmente a sua hipertensão, com mais de 70% de pessoas hipertensas a receber tratamento em 2019. Comparativamente, os homens e mulheres da África Subsariana, países do centro, sul e sudeste da Ásia e ilhas do Pacífico, são os que têm menos probabilidade de receber medicamentos. As taxas de tratamento eram inferiores a 25% para as mulheres e de 20% para os homens em vários países destas regiões, o que revela uma enorme desigualdade mundial no tratamento.

Bin Zhou, investigador da Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres, que dirigiu esta metanálise, afirmou que “embora as taxas de tratamento e controlo da hipertensão tenham melhorado na maioria dos países desde 1990, houve poucas mudanças em grande parte da África subsariana e nas ilhas do Pacífico. As organizações internacionais e os governos nacionais devem dar prioridade à equidade mundial no tratamento deste importante risco para a saúde, que atinge o mundo inteiro”.

Informação bibliográfica: 

“Worldwide trends in hypertension prevalence and progress in treatment and control from 1990 to 2019: a pooled analysis of 1,201 population-representative studies with 104 million participants”, da  NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC), está publicado en The Lancet. DOI: 10.1016/S0140-

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/piiS0140-6736(21)01330-1/fulltext

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