Jovens em Nova Iorque falam do 11 de Setembro

9 de Setembro 2021

Em 2001, Samantha Lee era uma menina de cinco anos que via pela janela da escola, em Queens, Nova Iorque, a fumaça do outro lado da cidade, onde os dois maiores prédios tinham caído num ataque terrorista.

“No edifício da minha escola, todos os alunos estavam num patamar subido. Havia uma janela enorme, lembro-me de olhar e ver, de onde eu estava, em Queens, o fumo das Torres Gémeas”, recordou Samantha, em declarações à agência Lusa, em Nova Iorque.

Agora com 25 anos, Samantha não se lembra das Torres Gémeas, dois edifícios no World Trade Center (WTC) com 415 metros de altura e 110 andares, destruídos no atentado terrorista de 11 de Setembro.

Ao lado do centro financeiro WTC, onde sobressaem as cores e pinturas, os comércios, as lojas e os arranha-céus, o Memorial e o Museu dedicados ao 11 de Setembro com o lema “Never Forget” (Nunca Esquecer), forma-se um ambiente “muito solene” e “surreal” para Samantha.

Inaugurado 10 anos depois dos ataques de 2001, o memorial tomou o lugar das antigas Torres Gémeas, com duas cascatas artificiais de nove metros de profundidade e 2.977 nomes das vítimas mortais inscritos em painéis laterais.

Vinte anos depois, mesmo sem que os professores tenham explicado muito sobre o ataque terrorista, para Samantha trata-se de uma “lição aprendida”, que prefere interpretar como esperança para o futuro.

“Como nova-iorquina, saber que isto aconteceu a meras milhas da casa onde cresci, parece mesmo surreal. Estar aqui e saber quantas vidas se perderam no chão que pisamos”, comentou.

“Não me lembro de falar muito sobre o 11 de Setembro; havia conversas sobre a guerra no Iraque, mas muito disso era demasiado para o meu pequeno cérebro”, tentou recordar.

“Só posso esperar que os mais novos, nascidos depois do 11 de Setembro, possam vir cá, perceber o que aconteceu, crescer com isso e tomar melhores ações”, sublinhou Samantha Lee, rejeitando qualquer medo.

Naomi Ibrahim nasceu quatro anos depois do atentado, mas tem na consciência que foi uma das maiores tragédias nos Estados Unidos, porque a família fala todos os anos sobre os acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

“Sentamo-nos e temos uma conversa sobre onde é que eles [os membros da família] estavam quando isso aconteceu, como se sentiram na altura e como ficou Nova Iorque depois”, referiu Naomi, de 16 anos.

“Aprendi que, no meio da emergência, toda a gente se juntou, como nova-iorquinos”, acrescentou a jovem, e que muitos se voluntariaram para ajudar pessoas em necessidade ou para ajudar as autoridades nos trabalhos.

“A minha mãe, por exemplo, disse-me que viu muitos colegas de trabalho, mesmo os que não gostavam uns dos outros, a falarem e a reconciliarem-se. Todos vieram para ajudar. O avô de um amigo meu, que penso que era um polícia reformado, também veio cá abaixo para ajudar na recuperação de corpos ou de pessoas que estavam vivas”, exemplificou.

Naomi Ibrahim revelou à agência Lusa que se sente segura. Declarou não ter medo, mas também não ter confiança total no que o futuro reserva, por isso, reticente, sublinhou que é preciso estar alerta.

Ariel Mel, de seis anos, não sente uma pressão especial por estar no Memorial do 11 de Setembro, ao contrário da mãe, Anna Mel.

Questionado pela Lusa sobre se sabe qual é o motivo por que a mãe o trouxe, a ele e a outras três outras crianças ao Memorial do 11 de Setembro, Ariel disse achar que é um local para um bom passeio e para se divertir.

Sobre os ataques de 2001, reconheceu que ainda não sabe bem o que aconteceu.

Muito preocupado com o futuro devido à pandemia de covid-19, por ver muita gente doente, Ariel deixou bem claro que “a América é um grande país”.

Quatro aviões comerciais, com centenas de passageiros a bordo, foram sequestrados por um grupo de 19 terroristas no dia 11 de setembro de 2001 e foram direcionados para Nova Iorque e Washington.

Dois aviões, separados por 18 minutos, colidiram com as duas Torres Gémeas em Nova Iorque, provocando uma explosão de grandes dimensões e matando 2.753 pessoas.

A sede do Departamento de Defesa dos EUA, conhecida como Pentágono, em Washington também foi alvo de ataque de um avião, num acidente em que morreram, segundo o Museu 9/11, 184 pessoas.

Outras 40 pessoas morreram no acidente do quarto avião, que caiu em Shanksville, no Estado da Pensilvânia.

Em conjunto com os 19 terroristas responsáveis pelo atentado, o total de pessoas vitimadas naquele dia foi de 2.996.

LUSA/HN

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