Eficácia das vacinas desaconselha dose reforço nesta fase

13 de Setembro 2021

A eficácia das vacinas na prevenção de casos graves de covid-19 demonstra que não é necessária uma dose de reforço generalizada a toda população, concluiu uma revisão de dados feita por um grupo de cientistas de vários países.

Publicado na revista médica The Lancet, o estudo de especialistas de instituições dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Jamaica, do México, da África do Sul, de França, da Índia, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do regulador norte-americano (FDA), salienta que, para já, as provas científicas “não apoiam um reforço [de imunização] para a população em geral”.

Em comunicado, os especialistas consideram, na sequência da análise de vários ensaios clínicos e de estudos já publicados, que a eficácia da vacina contra situações graves da doença covid-19 é “tão alta que as doses de reforço para a população em geral não são adequadas nesta fase da pandemia”.

“Fazendo a média dos resultados dos estudos analisados, a vacinação apresentou 95% de eficácia contra doença grave, tanto na variante Delta como na variante Alpha, e mais de 80% na proteção contra qualquer infeção por essas variantes”, adiantou a mesma fonte.

As provas científicas indicam ainda que, embora as vacinas sejam menos eficazes contra casos assintomáticos, as pessoas não vacinadas constituem a principal causa de transmissão do coronavírus SARS-CoV-2, correndo também o risco de contraírem quadros graves de infeção.

“As vacinas disponíveis atualmente são seguras, eficazes e salvam vidas. Embora a ideia de reduzir ainda mais o número de casos de covid-19, aumentando a imunidade em pessoas vacinadas, seja atraente, essa decisão deve ser baseada em provas científicas”, salientou a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, citada no comunicado.

Os cientistas concluíram ainda que, mesmo que os níveis de anticorpos em pessoas vacinadas diminuam com o tempo, isso não representa, necessariamente, uma redução da eficácia das vacinas contra doença grave.

De acordo com o estudo, a proteção contra doença grave é assegurada não apenas pelas respostas criadas pelos anticorpos, que podem ter uma vida relativamente curta para algumas vacinas, mas também por respostas de memória e de imunidade celular, de maior duração.

“Mesmo que algum ganho possa ser obtido com o reforço da vacina, isso não superará os benefícios de fornecer proteção inicial aos não vacinados. Se as vacinas forem administradas onde fazem mais falta, poderiam acelerar o fim da pandemia, inibindo a evolução posterior das variantes”, alertou a autora principal do estudo, Ana-Maria Henao-Restrepo.

Em Portugal, no início do mês a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou uma dose adicional da vacina contra a covid-19 apenas para pessoas imunosuprimidas com mais de 16 anos, prevendo a vacinação de menos de 100 mil utentes nos centros de saúde.

A covid-19 provocou pelo menos 4.627.854 mortes em todo o mundo, entre mais de 224,56 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.861 pessoas e foram contabilizados 1.055.584 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Braga certifica mais 35 profissionais no âmbito do Programa Qualifica AP

A Unidade Local de Saúde de Braga (ULS de Braga) finalizou, esta semana, o processo de certificação de mais 35 profissionais, no âmbito do Programa Qualifica AP, uma iniciativa desenvolvida em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), através do Centro Qualifica AP.

PCP apresenta medidas para “inverter a degradação” do SNS

O PCP apresentou esta sexta-feira algumas medidas urgentes para “inverter a degradação” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), criticando as “políticas de vários governos” de PS, PSD e CDS, que abriram “caminho para a destruição” daquele serviço público.

DE-SNS mantém silêncio perante ultimato da ministra

Após o Jornal Expresso ter noticiado que Ana Paula Martins deu 60 dias à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para entregar um relatório sobre as mudanças em curso, o HealthNews esclareceu junto do Ministério da Saúde algumas dúvidas sobre o despacho emitido esta semana. A Direção Executiva, para já, não faz comentários.

ULS de Braga celebra protocolo com Fundação Infantil Ronald McDonald

A ULS de Braga e a Fundação Infantil Ronald McDonald assinaram ontem um protocolo de colaboração com o objetivo dar início à oferta de Kits de Acolhimento Hospitalar da Fundação Infantil Ronald McDonald aos pais e acompanhantes de crianças internadas nos serviços do Hospital de Braga.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights