Segundo estado de emergência com menos impacto na mobilidade das pessoas

6 de Outubro 2021

O segundo estado de emergência teve menor impacto na mobilidade dos cidadãos em Lisboa e Cascais, de acordo com o projeto "Indicadores de mobilidade intra-municipais no combate à Covid-19" da NOS e Nova SBE.

Esta é uma das conclusões de uma análise quantitativa das pessoas nos municípios de Lisboa e Cascais desenvolvida pela operadora de telecomunicações NOS e pela Nova SBE.

“Se no primeiro estado de emergência e primeiro confinamento, iniciado a 19 de março de 2020, a análise registou quebras na contagem de pessoas distintas por secção do município na ordem dos 65 a 80% em Lisboa e na casa dos 45 a 65% em Cascais, as quebras no segundo estado de emergência, iniciado a 09 de novembro, foram substancialmente inferiores: 30 a 45% em Lisboa, e 15 a 25% em Cascais”, refere a análise.

Em Lisboa, no pico da pandemia no primeiro estado de emergência, “as maiores quebras foram registadas na secção ‘Lojas e Restaurantes’ (80%), seguida por ‘Comércio’ (75%), ‘Lazer Indoor’ (73%), ‘Educação’ e ‘Saúde’ (ambas com 72% de quebras)”.

No mesmo período, em Cascais, as maiores quebras registaram-se no ‘Comércio” (64%), ‘Lojas e Restaurantes’ e ‘Lazer Indoor’ (61% ambas), ‘Lazer Outdoor’ (57%) e ‘Saúde’ (56%).

As categorias com menor quebra na contagem de pessoas, durante o primeiro estado de emergência, foram ‘Residencial’ (66% em Lisboa e 49% em Cascais), ‘Trabalho’ (66% em Lisboa e 46% em Cascais) e ‘Estações de Transporte’ (70% em Lisboa e 47% em Cascais).

Já no segundo estado de emergência, que durou entre novembro de 2020 e abril de 2021, “verificou-se uma maior movimentação das pessoas”.

Em Lisboa, a quebra na categoria ‘Saúde’ foi de 29% e em ‘Lojas e Restaurantes’ 39%. Já em Cascais, a categoria ‘Lazer Indoor’ (museus, monumentos, casinos, cinemas, entre outros) registou uma quebra de 6% e nas ‘Lojas e Restaurantes’ e ‘Comércio’, a redução foi de 18% e 24%, respetivamente.

Questionado sobre o que destaca do estudo, João Ricardo Moreira, administrador da NOS Comunicações, salienta que, “além de ser possível constatar a elevada quebra dos níveis de mobilidade durante o primeiro estado de emergência, verifica-se que este impacto é transversal aos mais variados setores, afetando particularmente a saúde, a educação e a restauração”.

Sublinha ainda que “estes segmentos são também os que registam um aumento mais significativo de movimentação de cidadãos entre o primeiro e o segundo estado de emergência”.

Além disso, “registaram-se ainda maiores quebras de movimentação de pessoas estrangeiras do que nacionais, em linha com as restrições de viagens internacionais”, acrescenta o administrador da NOS Comunicações, destacando “o facto de a movimentação das pessoas ter acompanhado a evolução das medidas de contenção da pandemia aplicadas pelo Governo português ao longo do último ano e meio”.

O trabalho com dados “permite-nos multiplicar a sua aplicação e utilidade pelas mais diversas áreas e setores da sociedade” e “neste estudo em particular, assente em ‘data analytics’, a informação recolhida e interpretada permite apoiar as futuras tomadas de decisão dos responsáveis pela gestão das cidades, contribuindo para o desenvolvimento de novas abordagens de gestão territorial derivadas das conclusões que foram possíveis retirar da avaliação das dinâmicas de mobilidade”, explica o responsável.

Por sua vez, Susana Lavado, cientista de dados da Nova SBE Data Science Knowledge Center, refere que “os resultados da análise desenvolvida extravasam este projeto”.

Por um lado, adianta, “a equipa de investigação desenvolveu uma ferramenta robusta para a categorização das secções estatísticas (áreas em que os municípios se subdividem) ao nível do seu uso de solo, que pode ser utilizada para outros fins e outras análises populacionais” e, por outro, “as análises realizadas trazem contributos metodológicos importantes, ao nível da validação e transformação dos dados e da análise das potencialidades e limitações dos mesmos”.

Estas análises “foram fundamentais para a definição e validação do produto final do projeto”, remata a investigadora, referindo que o projeto teve a duração de um ano.

Sobre a escolha dos concelhos de Lisboa e Cascais, o administrador da NOS Comunicações sublinha que “uma área metropolitana tem uma profusão de movimentos de pessoas que oferece um desafio maior do ponto de vista da análise”.

Além disso, Lisboa e Cascais “são concelhos onde as duas entidades (a NOS e a Nova SBE) têm vindo a desenvolver trabalhos de I&D [investigação e desenvolvimento] integrados no conceito de cidades inteligentes”.

João Ricardo Moreira sublinha que esta análise é replicável em qualquer território do país, “ao nível de um concelho, ou para perímetros maiores como o de uma região, ou para níveis de maior granularidade”.

LUSA/HN

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