África destaca-se pela negativa no novo Atlas da Saúde Mental da OMS

8 de Outubro 2021

O continente africano destaca-se negativamente em alguns indicadores do novo Atlas de Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde, esta sexta-feira divulgado, apresentando um número reduzido de camas psiquiátricas e uma flagrante falta de profissionais e de apoios nesta área.

A última edição do Atlas, que é emitido de três em três anos, apresenta dados de 171 países e fornece uma indicação clara de que a crescente atenção dada à saúde mental nos últimos anos ainda não se traduz num aumento de serviços mentais de qualidade que estejam alinhados com as necessidades.

A situação é mais óbvia em África, onde existe 1,6 trabalhadores na área da saúde mental por 100.000 habitantes, menos 40 vezes do que na região europeia, que conta com 44,8 profissionais por 100.000 habitantes.

O número médio destes profissionais por 100.000 habitantes nos países que contribuíram para o Atlas é de 13, segundo o documento da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao nível dos psiquiatras, e tal como aconteceu nas anteriores edições de 2014 e 2017, em 2020 é notável o fosso que separa as várias regiões da OMS e dos grupos de rendimento a que pertencem: 0,1 psiquiatras e 0,9 enfermeiros por 100.000 habitantes na região africana e 9,7 psiquiatras e 25,2 enfermeiros por 100.000 habitantes na Europa.

África apresenta ainda a mais baixa percentagem de países (66% dos que responderam) que declararam que as diretrizes para a integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários estavam disponíveis e tinham sido adotadas a nível nacional. A maior percentagem foi registada no Mediterrâneo oriental (90% dos países que responderam).

Ao nível das camas psiquiátricas, o continente africano apresenta menos de uma por 100.000 habitantes, número que sobe para 12 na região europeia.

No relatório é abordada a questão do apoio social governamental para as pessoas com doença do foro da saúde mental, com uma elevada existência a nível mundial que, contudo, não é igual para todas as regiões.

Apesar de mais de 85% dos países relataram que pessoas com estas condições de saúde mental beneficiavam, em 2020, de apoio social, em África isso não acontece, segundo a maioria (56%) dos países que respondeu.

Para a elaboração deste Atlas, os Estados-membros foram convidados a partilhar a sua estratégia, política ou plano nacional de prevenção do suicídio.

Ao todo, 35 países (21% dos países que responderam, ou seja, 18% dos Estados-membros da OMS) informaram que dispunham de uma estratégia, uma política ou um plano de prevenção do suicídio.

Em África, apenas um país (3% dos países que responderam) no continente africano informou ter essa estratégia, política ou plano autónomo para a prevenção do suicídio.

Cerca de um terço dos países no continente americano e 30% dos europeus comunicaram ter esta estratégia.

O Atlas da Saúde mental é uma compilação de dados fornecidos por países de todo o mundo sobre políticas de saúde mental, legislação, financiamento, recursos humanos, disponibilidade e utilização de serviços e sistemas de recolha de dados.

Trata-se do mecanismo de monitorização do progresso para o cumprimento dos objetivos do Plano de Ação Global de Saúde Mental da OMS.

LUSA/HN

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