Estudo português mostra mudanças de hábitos alimentares no primeiro ano da pandemia

17 de Outubro 2021

Perto de 37% dos inquiridos num estudo português admitiram ter mudado os hábitos alimentares durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19, dos quais 58,2% consideraram ter mudado para melhor e 41,8% para pior.

Os resultados constam de um estudo desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, cujos resultados foram divulgados ontem, assinalando o Dia Mundial da Alimentação.

“REACT-COVID 2.0” é o nome do estudo, que visou conhecer os comportamentos alimentares e de atividade física dos portugueses cerca de um ano após o início da pandemia de Covid-19 (maio-junho de 2021).

De acordo com o documento, 36,8% dos inquiridos reportaram ter mudado os seus hábitos alimentares em comparação com o período pré-pandemia.

Enquanto 32,2% dos participantes passaram a recorrer a refeições ‘take-away’ e 26,3% a consumir mais ‘snacks’ doces, 22,3% dos inquiridos admitiram ter ingerido mais água, 18,6% mais produtos hortícolas e 15,2% mais fruta.

As alterações positivas nos hábitos alimentares parecem relacionar-se com a possibilidade de se realizarem mais refeições em casa ou com o número de refeições cozinhadas – 33,4% e 19,4%, respetivamente -, enquanto nas mudanças menos positivas 24,9% podem estar relacionadas com variações no apetite originadas por razões emocionais.

O estudo foi elaborado a partir de uma amostra não probabilística de base nacional com indivíduos de idade igual ou superior a 18 anos, num total de 4.930 participantes, dos quais 78,6% são mulheres.

Metade dos que responderam às questões têm idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos, com a maioria a ter completado um curso superior (74,7%) e a ser ativa a nível profissional (75,4%).

Os dados foram recolhidos através de um questionário ‘on-line’ autopreenchido através de amostragem por bola de neve, ativada por divulgação em ‘websites’ institucionais, redes sociais e media.

A amostra inicial foi recolhida entre 09 de abril e 04 de maio de 2020, e a segunda amostra entre 10 de maio e 04 de junho deste ano.

A informação apresentada foi ponderada para a distribuição da população portuguesa de acordo com informação dos Censos 2011, após estratificação por sexo, grupos etários (entre os 18 e os 34 anos, entre os 35 e os 54 anos e 55 ou mais anos), nível educacional (ensino básico ou secundário, ensino superior) e Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS) II (Norte, Centro, Região Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve, Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores).

Comparativamente ao primeiro período de recolha de dados, os fatores emocionais ganham destaque, enquanto os fatores associados às preocupações com a situação económica parecem perder influência nos comportamentos alimentares.

Associado à relevância dos fatores emocionais verificam-se níveis elevados de “fome pelo prazer de comer”.

Foram, assim, identificados padrões distintos de consumo alimentar. O menos saudável foi mais prevalente nos portugueses que apresentam um nível elevado de “fome pelo prazer de comer”, bem como nas pessoas com mais dificuldades económicas e em risco de insegurança alimentar.

As orientações produzidas pela DGS sobre alimentação durante a pandemia foram consideradas úteis pela maioria da população (79,6%) e em particular pela população menos escolarizada (81,7%), o que sugere a importância das instituições de saúde na promoção da literacia em saúde, acrescenta o estudo.

O documento confirma ainda a tendência de melhoria dos níveis de atividade física da população, com 54,3% dos inquiridos a apresentarem níveis adequados de atividade física para a promoção da saúde (46% em 2020; 48,1% em 2017).

Todavia, o estudo mostra também um aumento do tempo sedentário, fixando-se este em sete ou mais horas por dia para 46,4% dos inquiridos, contra os 38,9% registados em 2020.

Entre as atividades mais praticadas, destacam-se a caminhada, seguida pelas atividades de fitness, treino de força e corrida, com as duas últimas a assumirem mais expressão no sexo masculino.

Quanto às atividades do dia-a-dia, as tarefas domésticas continuam a prevalecer nas mulheres – 84,7% contra 46,3% nos homens – com 62% dos inquiridos a assumirem o subir e descer escadas como forma de se manterem ativos.

A segunda fase da análise (maio e junho de 2021) confirmou o impacto do contexto pandémico nos hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses, sugerindo que as alterações observadas nos primeiros meses da pandemia se mantiveram.

O Dia Mundial da Alimentação, que coincide com o da fundação, em 1945, da agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) vocacionada para a erradicação da fome e para o combate à pobreza, foi comemorado pela primeira vez em 1981.

Destinada a sensibilizar e consciencializar a opinião pública para questões relacionadas com a alimentação e nutrição, a efeméride assinala-se em 16 de outubro e nos dias de hoje é comemorada em mais de 150 países.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

VP Formação distinguida como parceira Premium do OET

VP Formação alcança estatuto de Premium Preparation Partner do Occupational English Test, reconhecendo sete anos de excelência na preparação de profissionais de saúde para certificação internacional

Tecnologia 3D revoluciona cirurgia da coluna em Portugal

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, o Dr. Rui Pinto, um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Patologia de Coluna, destaca a revolução na cirurgia da coluna com a introdução da tecnologia 3D no Hospital de Santa Maria – Porto, primeira unidade na Península Ibérica a dispor deste equipamento inovador.

MAIS LIDAS

Share This