Vacinar crianças abaixo dos 12 anos pode demorar “um pouco”

19 de Outubro 2021

O diretor regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu hoje, em Lisboa, que a decisão de vacinar contra a covid-19 as crianças abaixo dos 12 anos ainda pode demorar “um pouco”.

Em visita oficial a Portugal, Hans P. Klüge, ele próprio médico, lembrou que “há alguns ensaios clínicos em curso”, mas “as evidências ainda não são robustas o suficiente”.

Em declarações à Lusa, no final de uma visita a um centro de vacinação na capital, frisou: “Estamos a acompanhar de muito perto. Temos de esperar, para já. Não esperar passivamente, mas acompanhar as provas que surgem todos os dias. Portanto, teremos de esperar um pouco.”

Nesta fase, assinalou o responsável, “a primeira prioridade é conseguir aumentar a cobertura de vacinação da população adulta em toda a região” europeia.

“Em segundo lugar, dar uma terceira dose para as pessoas mais idosas e com imunidades reduzidas”, as mais vulneráveis ao vírus, continuou.

“Em terceiro lugar, [imunizar] os adolescentes, com 12 e mais anos, porque é muito importante manter as escolas abertas”, prosseguiu.

O diretor regional da OMS acredita que “no próximo ano vamos estar livres da pandemia, mas não da covid”. Ou seja, explicou, vamos passar para “uma situação endémica”, em que teremos “de aprender a viver com a covid-19, como estamos a fazer com a gripe”.

Um dos cenários que lhe parece possível é que a vacina contra a covid-19 venha a integrar os planos de vacinação e seja dada uma vez por ano, para garantir imunidade. “Não sabemos ainda, temos de olhar para os indícios, mas este é um dos cenários mais prováveis”, estimou.

Durante a visita oficial de dois dias – que hoje termina, com um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa –, Hans P. Klüge elogiou a solidariedade de Portugal com países terceiros.

Destacando o que “Portugal está a cumprir com a sua parte”, o médico frisou que “é preciso mais partilha” e que “os países não podem esperar até que a vacina esteja quase a expirar”.

O trio de sucesso para vencer a pandemia é “partilhar, conter, aumentar capacidade de produção”, enumerou. “Ainda há muito… [a fazer]. Sou otimista, quero ser positivo. Vejo hoje muito mais solidariedade do que no início da crise pandémica. Muito mais”, compara.

“Mas não é suficiente. Os países estão agora a partilhar milhões [de vacinas], o G7, o G20 [grupos dos países mais poderosos do mundo] têm de partilhar milhares de milhões. Precisamos de 60 mil milhões de doses para matar a pandemia”, assinalou.

“Uma das lições que aprendemos com a covid-19 é que o mundo é uma pequena aldeia”, recorda, apelando para “uma liderança política global”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Trabalhadores do Hospital de Braga não querem regressar à Parceria Público-Privada

Os trabalhadores do Hospital de Braga não querem regressar à Parceria Público-Privada (PPP), garante Camilo Ferreira, coordenador da Comissão de Trabalhadores, que recordou, em conversa com o HealthNews, a exaustão dos profissionais naquele modelo de gestão e, como Entidade Pública Empresarial (EPE), a melhoria das condições de trabalho e do desempenho.

Governo quer “articulação virtuosa” entre entidades de saúde

O Governo está a avaliar as atribuições de entidades como a Direção-Executiva do SNS, a DGS e o Infarmed para garantir “uma articulação virtuosa” que consiga diminuir a burocracia e concretizar as políticas de saúde, anunciou hoje a ministra.

Menopausa: Uma doença ou um processo natural de envelhecimento?

A menopausa foi o “elefante na sala” que a Médis trouxe hoje ao Tejo Edifício Ageas Tejo. O tema foi abordado numa conversa informal que juntou diversos especialistas. No debate, os participantes frisaram que a menopausa não é uma doença, mas sim um “ciclo de vida”. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights