APDP aplaude inclusão de pessoas com diabetes na lei de direito ao esquecimento

20 de Outubro 2021

A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) aplaude a alteração ao projeto de lei do PS que impedia a discriminação de doentes que tiveram doenças graves, como cancro, no acesso a créditos de habitação e seguros de vida. Agora, a medida estende-se a outros doentes crónicos, como pessoas com diabetes, VIH e hepatite C.

“Esta alteração representa uma grande vitória numa batalha muito antiga contra uma injustiça e discriminação absolutamente abusivas. Mesmo as seguradoras e bancos que não negam a casa ou a realização do seguro, aumentam muitas das vezes as taxas três ou quatro vezes sem quaisquer critérios”, alerta José Manuel Boavida, presidente da APDP, citado em comunicado. “A associação recebe queixas muito frequentemente, principalmente de jovens com diabetes que querem comprar casa, mas a quem os bancos e as seguradoras fecham completamente as portas.”

A opinião é partilhada por João Valente Nabais, vice-presidente da Federação Internacional da Diabetes e assessor da direção da APDP, que explica que a alteração da medida representa o fim “da discriminação de pessoas com diabetes”. “Até agora, as pessoas com diabetes tinham um incremento naquilo que tinham de pagar, o que acaba por ser complicado em termos psicológicos e não só. No entanto, hoje em dia, uma pessoa com diabetes tem uma esperança média de vida igual à de uma pessoa sem diabetes”, reforça.

Para que a lei seja aprovada, “é preciso garantir que a medida é realmente implementada depois de aprovada”, lê-se no comunicado de imprensa.

É crucial garantir que “as companhias de seguros não utilizem outras manobras que levem ao mesmo impacto. Esse é que vai ser o grande desafio”, alerta João Valente Nabais.

Já o presidente da APDP deixa um apelo: “Neste momento, vai ser necessário recalcular as taxas das pessoas com diabetes que já têm empréstimos e essa vai ser uma discussão que as empresas tentarão complicar. Apelamos ao Governo e ao Instituto Nacional de Seguros para que protejam as pessoas”.

O projeto-lei do PS, que tinha como objetivo acabar com a discriminação de pessoas que tiveram cancro no acesso a créditos e seguros, foi aprovado pela Assembleia da República em maio deste ano. A este é agora introduzida a palavra “mitigado”, de forma a incluir casos de doenças crónicas. A lei passa ainda a fazer equivaler a doença física à mental, impedindo que as seguradoras façam distinção entre as duas.

Com esta lei, as seguradoras e os bancos deixam de poder recusar seguros e créditos a quem já teve cancro ou tem outras doenças crónicas.

PR/HN/Rita Antunes

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Anabela Oliveira: “Doença de Gaucher pode ter um amplo espetro de apresentações”

Num exclusivo ao HealthNews, a Dra. Anabela Oliveira, especialista em Medicina Interna do Hospital de Santa Maria, esclarece os contornos da doença de Gaucher. Uma patologia rara e hereditária, caracterizada pela deficiência de uma enzima, que provoca a acumulação de gorduras no organismo. Com um amplo espetro de manifestações e um diagnóstico por vezes tardio, a médica detalha os sinais de alerta, o acompanhamento multidisciplinar e os avanços terapêuticos que têm melhorado a qualidade de vida dos doentes

Fundação para a Saúde lança Manifesto contra centralização do acesso à doença aguda através da Linha SNS24

A Fundação para a Saúde divulgou um Manifesto intitulado “Sobre os serviços e cuidados de saúde a que temos direito”, que alerta para a crescente centralização da gestão do acesso aos cuidados de saúde em caso de doença aguda através da Linha SNS24, fenómeno que, segundo o documento, desvirtua o papel tradicional dos centros de saúde e do conceito de proximidade no Serviço Nacional de Saúde (SNS) português. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights