Costa adverte que reindustrialização europeia não pode significar “isolacionismo”

20 de Outubro 2021

O primeiro-ministro considerou esta quarta-feira essencial que a União Europeia se reindustrialize e relocalize produções, mas advertiu que esta política não pode significar “isolacionismo e protecionismo” e defendeu a rápida conclusão do acordo com o Mercosul.

“Não podemos continuar a estar sujeitos a cadeias de valor tão longas, onde o risco de disrupção se multiplica”, declarou António Costa na Assembleia da República, na abertura do debate sobre o Conselho Europeu desta quinta e sexta-feira, em Bruxelas – uma reunião em que estará em discussão a política comercial da União Europeia.

Na sua intervenção, o líder do executivo português defendeu que a recente crise pandémica da Covid-19 “demonstrou a importância da reindustrialização da União Europeia, voltando a produzir bens essenciais à economia e à economia do futuro”.

“Portugal está particularmente bem colocado para desempenhar um papel importante na reconstrução da capacidade de reindustrializar a Europa”, sustentou.

No entanto, logo a seguir deixou também um aviso, em estilo de esclarecimento: “Não podemos entender o reforço da autonomia estratégica da União Europeia como um caminho para o isolamento ou como uma deriva para o protecionismo”.

“Queremos uma Europa mais forte, mas queremos uma Europa aberta ao mundo”, acentuou o primeiro-ministro.

No que respeita à política comercial europeia do futuro, António Costa disse que se irá bater por um reforço do relacionamento transatlântico com os Estados Unidos e Canadá, designadamente ao nível da cooperação tecnológica, mas também com o México e Chile.

“Não podemos perder mais tempo no acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que é da maior importância”, frisou o primeiro-ministro, antes de se referir ao Indo-Pacífico.

Aqui, António Costa destacou a reabertura das negociações para um acordo de comércio e investimento com a Índia – “uma oportunidade aberta pela presidência portuguesa e que não pode ser desperdiçada”.

Depois de uma alusão à importância de se concluir um acordo comercial com a Nova Zelândia, o primeiro-ministro deixou o seguinte recado a propósito da questão diplomática com o Governo de Camberra: “As negociações do acordo comercial com a Austrália não devem ser contaminadas por conflitos bilaterais”.

“Embora seja devida total solidariedade aos nossos parceiros europeus afetados, não se pode desvalorizar a importância de termos uma posição capital. Se não tivermos, ficaremos simplesmente ciumentos da relação que os Estados Unidos hoje possuem com o Indo-Pacífico e amedrontados com o peso crescente da China nessa região”, advogou, sem nunca se referir diretamente à posição de França.

Ora, para António Costa, “a Europa não tem de ser ciumenta, não tem de se amedrontar”.

“A Europa tem de se afirmar também na região do Indo-Pacífico e tem caminho para o poder fazer”, acrescentou.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Morreu José Luís Pio Abreu, figura maior da Psiquiatria em Portugal

A HealthNews lamenta profundamente o falecimento do Professor Doutor José Luís Pio Abreu, uma das mais marcantes figuras da Psiquiatria portuguesa. Médico, professor, pensador e autor, Pio Abreu deixa um legado notável de conhecimento, reflexão e humanidade. Tinha 81 anos.

Obra de 2,8 ME no Centro de Saúde de Valença concluída em 2026

A reabilitação e ampliação do Centro de Saúde de Valença por mais de 2,8 milhões de euros arrancou na terça-feira e deve ficar concluída daqui a um ano, revelou hoje a autarquia. O investimento é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o prazo de execução é de 365 dias, disse, em comunicado, aquela autarquia do distrito de Viana do Castelo.

Médio Oriente: Hamas pede para população se afastar de “armadilhas mortais”

O grupo islamita palestiniano Hamas pediu hoje à população da Faixa de Gaza para se afastar de pontos de entrega de ajuda humanitárias que considera “armadilhas mortais”. Segundo o Hamas, os pontos de distribuição de alimentos e de ajuda humanitária de emergência têm sido alvo de disparos que já provocaram a morte a mais de 300 pessoas nas últimas três semanas.  

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights