Contratados médicos para reduzir utentes sem médico de família nos Açores

22 de Outubro 2021

O secretário regional da Saúde nos Açores disse esta sexta-feira que vão ser contratados 12 médicos em São Miguel para dar uma “resposta significativa” na redução dos cerca de 39 mil açorianos sem médico de família naquela ilha.

“Há cerca de 39 mil micaelenses que não têm médicos de família” por estes “não estarem ao serviço ou porque não têm mesmo médico de família”, o que gera “enormes constrangimentos”, explicou Clélio Meneses.

O titular da pasta da Saúde falava aos jornalistas à margem de uma reunião com os conselhos de administração da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel e do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, local do encontro.

O responsável referiu que a Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel vai contratar 12 médicos de medicina geral e familiar ao abrigo de concursos que estão a decorrer, visando colmatar esta lacuna.

Questionado sobre o número de residentes em São Miguel sem médico de família que pretendem beneficiar com esta medida, o governante escusou-se a avançar com uma meta.

“Os últimos anos foram marcados por metas e anúncios, mas também por falta de cumprir com aquilo que é a necessidade de todos os açorianos terem médicos de família”, começou por dizer.

Daí que não pretenda “estabelecer uma meta concreta, mas reafirmar o compromisso de fazer tudo para que os açorianos tenham médico de família”.

Além dos médicos a admitir pela Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel, vão ser contratados mais quatro médicos de medicina geral e familiar através da abertura de concurso, em São Jorge.

Clélio Meneses salvaguardou que alguns concursos “ficam desertos porque não há médicos interessados”, sendo que estão a ser alteradas as regras de incentivo à fixação, a par do investimento em “meios e equipamentos modernos”.

O secretário regional da Saúde referiu que, no encontro com os conselhos de administração da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel e do Hospital do Divino Espírito Santo, foi abordada a questão de cerca de 20 internamentos hospitalares “que não reúnem critérios, mas que, por falta de resposta familiar ou social, acabam por ficar no hospital, com uma carga excessiva hospitalar”.

A Secretaria Regional da Saúde e o sistema de saúde estão a preparar o próximo inverno para evitar uma “dificuldade de resposta hospitalar” a este nível, tendo sido encontradas soluções com a Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel, visando “dar resposta às pessoas”.

Clélio Meneses considerou ainda que a alegada falta de consultas para doentes de oncologia no Hospital do Divino Espírito Santo está relacionada com a falta de médicos naquele serviço por “circunstâncias imprevisíveis”, como por exemplo, um médico que “por razões pessoas deixa de dar consultas”.

O governante disse que os “resultados, em geral, deste hospital e do Serviço Regional de Saúde são extraordinários” mesmos em tempos de pandemia de Covid -19, “em beneficio das pessoas”.

O secretário regional da Saúde referiu, por outro lado, que os processos com vista ao pagamento das valorizações e regularizações remuneratórias de enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e farmacêuticos “estão a decorrer numa fase já final” e “infelizmente demoraram mais do que se pretendia” devido ao “peso administrativo e burocrático muito intenso”.

De acordo com o governante, “nas próximas semanas certamente irá iniciar-se o processo de regularização e as pessoas vão receber efetivamente”, sendo que este “não é nenhum favor que se faz aos profissionais de saúde, apenas o pagamento que é devido, infelizmente há muitos anos”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

APEF e Ordem dos Farmacêuticos apresentam Livro Branco da formação

A Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) promove a 22 de novembro, em Lisboa, o Fórum do Ensino Farmacêutico. O ponto alto do evento será o lançamento oficial do Livro Branco do Ensino Farmacêutico, um documento estratégico que resulta de um amplo trabalho colaborativo e que traça um novo rumo para a formação na área. O debate reunirá figuras de topo do setor.

Convenções de Medicina Geral e Familiar: APMF prevê fracasso à imagem das USF Tipo C

A Associação Portuguesa de Médicos de Família Independentes considera que as convenções para Medicina Geral e Familiar, cujas condições foram divulgadas pela ACSS, estão condenadas ao insucesso. Num comunicado, a APMF aponta remunerações insuficientes, obrigações excessivas e a replicação do mesmo modelo financeiro que levou ao falhanço das USF Tipo C. A associação alerta que a medida, parte da promessa eleitoral de garantir médico de família a todos os cidadãos até final de 2025, se revelará irrealizável, deixando um milhão e meio de utentes sem a resposta necessária.

II Conferência RALS: Inês Morais Vilaça defende que “os projetos não são nossos” e apela a esforços conjuntos

No segundo dia da II Conferência de Literacia em Saúde, organizada pela Rede Académica de Literacia em Saúde (RALS) em Viana do Castelo, Inês Morais Vilaça, da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, sublinhou a necessidade de unir sinergias e evitar repetições, defendendo que a sustentabilidade dos projetos passa pela sua capacidade de replicação.

Bragança acolhe fórum regional dos Estados Gerais da Bioética organizado pela Ordem dos Farmacêuticos

A Ordem dos Farmacêuticos organiza esta terça-feira, 11 de novembro, em Bragança, um fórum regional no âmbito dos Estados Gerais da Bioética. A sessão, que decorrerá na ESTIG, contará com a presença do Bastonário Helder Mota Filipe e integra um esforço nacional do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida para reforçar o diálogo com a sociedade e os profissionais, recolhendo contributos para uma eventual revisão do seu regime jurídico e refletindo sobre o seu papel no contexto tecnológico e social contemporâneo.

Lucília Nunes na II Conferência da RALS: “A linguagem técnica é uma conspiração contra os leigos”

No II Encontro da Rede Académica de Literacia em Saúde, em Viana do Castelo, Lucília Nunes, do Instituto Politécnico de Setúbal ,questionou as certezas sobre autonomia do doente. “Quem é que disse que as pessoas precisavam de ser mais autónomas?”, provocou, ligando a literacia a uma questão de dignidade humana que ultrapassa a mera adesão a tratamentos

II Conferência RALS: Daniel Gonçalves defende que “o palco pode ser um bom ponto de partida” para a saúde psicológica

No âmbito do II Encontro da Rede Académica de Literacia em Saúde, realizado em Viana do Castelo, foi apresentado o projeto “Dramaticamente: Saúde Psicológica em Cena”. Desenvolvido com uma turma do 6.º ano num território socialmente vulnerável, a iniciativa recorreu ao teatro para promover competências emocionais e de comunicação. Daniel Gonçalves, responsável pela intervenção, partilhou os contornos de um trabalho que, apesar da sua curta duração, revelou potencial para criar espaços seguros de expressão entre os alunos.

RALS 2025: Rita Rodrigues, “Literacia em saúde não se limita a transmitir informação”

Na II Conferência da Rede Académica de Literacia em Saúde (RALS), em Viana do Castelo, Rita Rodrigues partilhou como o projeto IMPEC+ está a transformar espaços académicos. “A literacia em saúde não se limita a transmitir informação”, afirmou a coordenadora do projeto, defendendo uma abordagem que parte das reais necessidades dos estudantes. Da humanização de corredores à criação de casas de banho sem género, o trabalho apresentado no painel “Ambientes Promotores de Literacia em Saúde” mostrou como pequenas mudanças criam ambientes mais inclusivos e capacitantes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights