Federação do Táxi considera “poucochinha” ajuda do Governo

26 de Outubro 2021

A Federação Portuguesa do Táxi considerou esta terça-feira como “poucochinha” a ajuda de 190 euros mensais do Governo ao setor, como medida de apoio ao aumento dos combustíveis, referindo que se trata de “um remendo”.

O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, adiantou à Lusa na sexta-feira que iria dar um ‘cheque’ de 190 euros e 1.050 euros para os táxis e autocarros a operar em Portugal, respetivamente.

“Trata-se de um remendo, uma ajuda poucochinha. Não resolve o problema de fundo”, disse hoje o presidente da federação, Carlos Ramos, em declarações à Lusa, lembrando a necessidade de serem tomadas “medidas estruturais para o setor”.

Segundo o responsável, se o Governo quer “estimular o uso do transporte público tem de apoiar esse mesmo transporte público”, no qual o táxi se insere, “passando por implementar o gasóleo profissional”.

“Agora são questões pontuais, não se resolve o problema de fundo”, reconheceu, lembrando que durante a mais recente reunião com a tutela foi sugerido pelas associações do setor um apoio de 500 litros de gasóleo, sendo que o Governo se ficou pelos 380 litros por mês.

Carlos Ramos acrescentou ainda que o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) para o gasóleo dos transportes públicos “deveria desaparecer”, considerando que a medida iria ajudar o setor.

Questionado sobre se a ajuda iria travar a intenção da mexida no sistema de tarifário do serviço de táxi, Carlos Ramos reconheceu que tal não será possível: “Aquilo que não podemos e não queremos é que os aumentos se reflitam no aumento do tarifário, mas é inevitável que aconteça em 2022”, sublinhou.

Na sexta-feira passada, antes do anúncio do ministro da medida de apoio que irá vigorar entre 01 de novembro e 31 de março, o setor dos táxis defendeu um aumento das tarifas cobradas nos seus serviços como uma das medidas para fazer face à atual crise energética que provocou a subida do preço dos combustíveis.

Carlos Ramos sublinhou, na altura, que o setor teve uma reunião “de urgência” com a tutela, onde estiveram presentes o ministro do Ambiente e o secretário de Estado da Mobilidade, precisamente para dar conta da preocupação com o preço do gasóleo.

“Manifestamos a nossa preocupação com aumentos presentes. Com o prejuízo que o setor tem, há nove anos que não há aumento [de tarifário], estamos com prejuízos de 13%. Não queremos fazer repercutir estes agravamentos na sua totalidade no sistema tarifário, mas temos de mexer ainda este ano e da parte do Governo não houve objeção para que isso aconteça”, adiantou.

Segundo Carlos Ramos, o sistema de tarifário tem de ser reestruturado “de forma profunda”, mas neste momento “são precisas alterações” que estão a ser discutidas por ambas as associações do setor para uma mudança de paradigma.

“Estamos a trabalhar as duas – federação e ANTRAL [Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros] -, ainda em fase de diálogo, discussão, com o objetivo de encontrar as melhores soluções para que, de forma não violenta, não muito pesada, não se penalize o cliente”, afirmou.

Na reunião com a tutela, foi assumido por parte do setor do táxi o compromisso para um processo de descarbonização a nível nacional “com um calendário preciso”, havendo noção de que “os combustíveis fosseis vão continuar a aumentar”.

A medida de apoio para o setor foi referida por Matos Fernandes depois de o ministro das Finanças, João Leão, ter anunciado que as famílias vão passar a receber, através do IVAucher, 10 cêntimos por litro de combustível até um limite de 50 litros por mês, uma medida que vai ser aplicada entre novembro e março.

LUSA/HN

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