Biden defende diplomacia para difundir imposto global mínimo de 15% sobre multinacionais

30 de Outubro 2021

O presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu hoje o recurso à diplomacia para acordar com outros líderes mundiais a adoção de um imposto global de pelo menos 15% sobre as multinacionais, com vista a um sistema tributário mais justo.

Na sua conta oficial na rede social Twitter, Biden garantiu que este pacto, hoje firmado pelos líderes do G20, em Roma, “é mais do que um simples acordo tributário”, sendo um exemplo de como “a diplomacia está a remodelar a economia global e a proporcionar benefícios à população”.

“Aqui no G20, os líderes que representam 80% do PIB [Produto Interno Bruto] global, tanto aliados, como concorrentes, deixaram claro o seu apoio a um imposto mínimo global forte. Isto é mais do que apenas um acordo tributário: é a diplomacia que está a remodelar a nossa economia global e a proporcionar benefícios à população”, disse o democrata, numa reação após a divulgação do pacto.

Este apoio público de Joe Biden ao multilateralismo contrasta com a posição de seu antecessor no cargo, o ex-presidente Donald Trump (2017-2021), que sempre criticou a diplomacia ao longo de seus quatro anos na Casa Branca.

Quem também aplaudiu o uso da diplomacia para alcançar este acordo foi o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, líder da cimeira deste ano do G20, o grupo das maiores economias do mundo.

“Está claro que o multilateralismo é a melhor resposta para todos os problemas que enfrentamos hoje. Em muitos aspetos, é a única resposta possível”, sustentou Draghi no discurso de abertura da cimeira.

Segundo fontes conhecedoras do acordo firmado hoje, a adoção de um imposto mínimo global, a adotar até 2030, segue a trajetória já traçada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), de um sistema baseado em dois pilares e que aborda os desafios fiscais gerados pela digitalização e globalização da economia.

O primeiro pilar estabelece que o volume do lucro residual das empresas (o que resta depois de o país onde estão sediadas ter cobrado o imposto correspondente a 10% do lucro) será repartido entre os países onde as companhias operam, enquanto o segundo pilar determina um imposto mínimo de 15% para empresas com uma faturação acima de 750 milhões de euros.

Em 08 de outubro passado, a OCDE informou que 136 países e jurisdições dos 140 que participam nas negociações, representativos de mais de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, acordaram que, para o primeiro pilar, a percentagem seria de 25% do lucro residual, quando até lá estava a ser discutido um valor entre os 20 e os 30%.

Abrangidas por esta medida estão as grandes empresas com um volume de negócios global superior a 20.000 milhões de euros e uma rentabilidade superior a 10%, sendo a distribuição dos lucros feita entre os países onde cada empresa tem receitas superiores a um milhão de euros (ou 250.000 euros, nos Estados mais pequenos).

Citadas pela agência Efe, as fontes conhecedoras do acordo hoje alcançado destacaram que este garante regras tributárias justas, modernas e eficientes, que são também essenciais para estimular o investimento e o crescimento.

Segundo adiantaram, o acordo do primeiro pilar inclui o compromisso de eliminar os impostos sobre os serviços digitais existentes e outras medidas unilaterais semelhantes, bem como de não introduzir novos impostos do mesmo tipo no futuro, quando as novas regras entrarem em vigor.

Nesse sentido, a Itália, Áustria, França, Reino Unido e Espanha firmaram um pacto com os Estados Unidos sobre a transição dos impostos sobre os serviços digitais existentes para os novos padrões internacionais.

Os Estados Unidos, por sua vez, comprometeram-se a acabar com as sanções comerciais adotadas pelo Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, do inglês United States Trade Representative) contra esses países.

A cimeira começou hoje com uma sessão dedicada à economia e saúde globais e termina no domingo com uma conferência de imprensa do primeiro-ministro italiano Mario Draghi, que irá resumir os acordos alcançados em questões como a tributação, pandemia, recuperação económica e alterações climáticas.

A reunião conta com a presença dos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, da Argentina, Alberto Fernández, e o do Brasil, Jair Bolsonaro, entre outros chefes de Estado, bem como do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, como convidado permanente.

LUSA/HN

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