ONGs pedem aos países do G20 que desbloqueiem oferta de vacinas

30 de Outubro 2021

Dezenas de organizações pedem aos líderes do G20 que desbloqueiem a oferta global de vacinas contra a covid-19, denunciando que apenas 3,1% das pessoas dos países mais carenciados receberam pelo menos uma dose, informou a Amnistia Internacional.

A People’s Vaccine Aliance, uma coligação de mais de 75 organizações incluindo a Oxfam, Amnistia Internacional, Aliança Africana, Global Justice Now, entre outras, alertam para incapacidade de combater a desigualdade global de vacinas contra o novo coronavírus, sublinhado que os países do G20 deviam renunciar à propriedade intelectual e partilhar a tecnologia das vacinas, diagnósticos e tratamentos covid-19.

“Os países do G20 representam 62% da população mundial, mas já utilizaram 82% das vacinas contra a COVID-19. Apenas 3,1% das pessoas nos países de baixo rendimento receberam pelo menos uma dose da vacina”, lê-se num comunicado divulgado hoje, ao qual a agência Lusa teve acesso.

De acordo com as organizações não governamentais (ONGs), o G20 encontra-se divido sobre a proposta de suspender temporariamente as regras de propriedade intelectual das tecnologias covid-19 para permitir uma maior produção de vacinas.

“Em vez de negociar de forma construtiva esta proposta salvadora, liderada pela África do Sul e Índia, os países ricos Alemanha e Reino Unido impediram uma ação unificado do G20 para proteger milhares de pessoas”, acusam.

No comunicado, as ONGs lembram que 82% da população dos países do G20 apoiam a suspensão, mas está a ser bloqueada por apenas três membros: Reino Unidos, Alemanha e União Europeia (UE).

“A aliança pede que os líderes do G20 pressionem o Reino Unido e a Alemanha para resolver o caso, o que permitiria a todos os fabricantes seguros aprovados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) produzirem vacinas contra a covid-19, desbloqueando assim a capacidade produtiva mundial para acabar com a pandemia”, adianta.

Para a responsável pela política de saúde da People’s Vaccine Aliance, Anna Marriot, é “um escândalo absoluto que o G20 tenha perdido um ano a ignorar uma proposta apoiada pela maioria dos seus membros, de quebrar monopólios de vacinas e garantir que as vacinas salvadoras possam ser feitas em todo o mundo para salvar inúmeras vidas”.

“O G20 está a virar costas às milhares crianças órfãs todos os dias devido a esta pandemia. Os líderes do G20 que apoiam a renúncia não devem ser silenciados pelos membros de países ricos, como o Reino Unido e a Alemanha. Está além da hora de agir”, observou, citada no comunicado.

A Indonésia, um dos países que apoia a suspensão, disse numa conferência de imprensa, no início do ano, que poderia fabricar 550 milhões de doces contra a covid-19 anualmente, mas a propriedade intelectual e o sigilo em torno do ‘Know-how’ da vacina impediram-no.

“Quando o G20 se reuniu no ano passado, 1,3 milhão de pessoas morreram de covid-19 e os líderes prometeram não poupar esforços para garantir o acesso às vacinas para todas as pessoas. Um ano depois, não mudou muita coisa, exceto outros 3,5 milhões de pessoas que perderam a vida devido à covid-19”, afirmou a consultora sobre direito à saúde da Amnistia Internacional, Tamaryn Nelson.

Tamaryn Nelson reforçou que é “injusto que os líderes do G20 não estejam a tomar medidas suficientes enquanto milhares de pessoas continuam a morrer todas as semanas”.

“Artilhados com vacinas eficazes e capacidade de fabricação abundante, devemos ser capazes de vacinar rapidamente o mundo da covid-19. Mas, a menos que eliminemos as patentes de vacinas, levará anos antes que os países do sul global recebam as injeções, levando a inúmeras mortes e aumentando o risco de novas variantes mortais”, sustentou o diretor da Global Justice Now, Nick Dearden.

Um relatório da Amnistia Internacional divulgado em setembro descobriu que grandes empresas farmacêuticas estava a alimentar uma crise de direitos humanos sem precedentes através da recusa em renunciar aos direitos de propriedade intelectual e partilhar tecnologia de vacinas, criticando a AstraZeneca, BioNTech, Johnson & Johnson, Moderna, Novavax e Pfizer.

LUSA/HN

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