Cabo Verde pede mais financiamento para os pequenos estados insulares

1 de Novembro 2021

O Governo cabo-verdiano defende um reforço do financiamento internacional aos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento para combate às alterações climáticas e vai levar à COP26 o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2050.

“Vamos desenvolver atividades paralelas que contribuem naturalmente para o reforço da cooperação com países amigos dentro do contexto da Ação Climática. Mas em termos de contribuição de Cabo Verde, nós vamos defender as nossas ideias, desde logo o reforço do financiamento para os pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, onde Cabo Verde se situa”, disse o ministro da Agricultura e do Ambiente cabo-verdiano, Gilberto Silva, sobre a participação na conferência, à Lusa.

O governante integra a delegação de Cabo Verde, liderada pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, à 26.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26) que junta os países, a partir de hoje, em Glasgow, no esforço de encontrar soluções para a redução das emissões dos gases com efeito de estufa.

A intervenção do primeiro-ministro de Cabo Verde na COP26 está prevista para terça-feira à tarde. No dia seguinte, Ulisses Correia e Silva fará uma intervenção no Systematic Observations Financing Facility (SOFF), outro evento de “alto nível” à margem da conferência.

Segundo informação do Governo, a ambição de Cabo Verde “é alcançar a neutralidade carbónica até 2050”, através do aumento da produção de eletricidade a partir de fontes de energias renováveis, na melhoria da eficiência energética, na mudança do transporte de combustíveis fósseis para o transporte eletrificado e mobilidade ativa individual, entre outras medidas.

“Até 2030, Cabo Verde pretende estabelecer funções de resiliência e métricas fundamentais, nomeadamente concernentes ao baixo teor de carbono, acesso à água sensível ao género e catástrofes, energia e serviços públicos essenciais e infraestruturas e equipamentos resilientes”, assume o Governo.

Segundo o ministro do Ambiente, os efeitos das alterações climáticas nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês) “têm entrado na agenda e na estratégia de intervenção das várias organizações no mundo”, daí a importância da presença de Cabo Verde na COP26.

“Já não há textos sobre esta matéria que não façam referência aos SIDS. Temos tido projetos direcionados, portanto as coisas não acontecem de uma só vez, mas entendemos que é preciso fazer mais. Mas não podemos dizer que não se está a fazer nada pelo contrário, tem-se feito bastante para um desenvolvimento sustentável dos SIDS”, destacou Gilberto Silva.

Os SIDS são um grupo distinto de 38 Estados-membros da ONU – no Caribe, Pacífico e Atlântico, Oceano Índico e Mar da China Meridional -, reconhecido desde 1992 por aquela organização por enfrentarem vulnerabilidades sociais, económicas e ambientais únicas.

A população total destes pequenos países insulares é de 65 milhões.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos são esperados em Glasgow para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

“Nós achamos que é possível chegar ao fim do século sem deixar que a temperatura do planeta aumente em mais que 1,5 graus centígrados. Estaremos ao lado de todos que defendem esta ideia, que é necessário acelerar a ação climática, de sermos consequentes em matéria de ação climática, e lidar com aquilo que de facto é uma grande emergência planetária que são as mudanças climáticas”, disse ainda Gilberto Silva.

Apesar dos compromissos assumidos até agora, as concentrações daqueles atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

O Governo cabo-verdiano garante que o país “tem vindo a tomar uma série de medidas visando a diminuição da sua vulnerabilidade”, bem como para “aumentar a sua resiliência”, nomeadamente através do seu Plano Nacional de Adaptação às alterações climáticas.

LUSA/HN

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