Líder do Senado diz que ‘impeachment’ contra Bolsonaro seria “muito ruim” para o Brasil

13 de Novembro 2021

O líder do Senado brasileiro criticou este sábado a oportunidade da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que concluiu uma acusação criminal contra o Presidente, por falhas no combate à pandemia, considerando que um ‘impeachment’ seria algo “muito ruim” para o Brasil.

Em entrevista à agência Lusa em Lisboa, Rodrigo Pacheco disse respeitar o trabalho dos membros da CPI, que viu o seu relatório aprovado pelos deputados, um processo que está agora nas mãos do procurador-geral da República (PGR) que poderá avançar com a acusação formal, que terá depois de ser votada pelo Congresso.

Elemento da base de apoio parlamentar do chefe de Estado, Jair Bolsonaro, Rodrigo Pacheco disse nunca ter interferido nos trabalhos da CPI e considerou que a “investigação tem critérios de apuração do facto, com identificação de provas e obediência a princípios constitucionais de ampla defesa de contraditório”.

No entanto, se este processo der origem a uma ação de destituição (‘impeachment’) de Bolsonaro, Rodrigo Pacheco faz um “juízo político” e lamenta o momento em que isso sucede.

“Considero que um processo de ‘impeachment’ seria muito ruim para o Brasil neste momento”, afirmou Rodrigo Pacheco.

O processo está nas mãos do PGR brasileiro, nomeado pelo Presidente, a quem cabe analisar as acusações contra Jair Bolsonaro e às restantes 12 pessoas com foro privilegiado – direito dado no país a algumas autoridades que ocupam cargos públicos, permitindo que não sejam julgadas pela Justiça comum.

O chefe de Estado é acusado de prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.

Na luta contra a “pandemia no Brasil, houve acertos, evidentemente, mas houve muitos erros, inclusive o atraso no processo de vacinação”. O Presidente demonstrou um “certo negacionismo em relação à eficácia da vacina e em relação à gravidade da doença”, admitiu Pacheco.

“Tudo isso obviamente nos atrapalhou no enfrentamento de uma pandemia desconhecida grave”, reconheceu, dizendo que este não é o momento para apurar responsabilidades criminais, mas para recuperar o país, “buscando um novo rumo e um novo caminho pós-covid”.

Em números absolutos, o Brasil, com mais de 610 mil mortes associadas à Covid-19 e quase 22 milhões de infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2, continua a ser um dos três países mais afetados pela pandemia no mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a Índia, apesar de a pandemia estar em queda no país desde junho.

LUSA/HN

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