Líder da Câmara dos Deputados brasileira defende semipresidencialismo português no Brasil

14 de Novembro 2021

O presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Arthur Lira, defendeu este domingo um novo modelo constitucional para o Brasil, seguindo o modelo português de semipresidencialismo, para acabar com “a pressão permanente” sobre os presidentes em matéria de governação.

“[O objetivo é] diminuir a quantidade de partidos para que a gente possa avançar para a discussão do semipresidencialismo, que eu acho que se adequa perfeitamente no Brasil”, afirmou Arthur Lira.

“Nós somos um país continental, com diferenças regionais muito grandes e um povo bastante divergente e temos um multipartidarismo que não ajuda na democracia. Temos uma constituição parlamentarista e um sistema presidencialista”, o que cria clivagens, afirmou, em entrevista à Lusa, em Lisboa, onde se encontra para vários encontros políticos.

Exemplo disso é o atual Presidente, que “se elegeu com 57 milhões de votos”, mas cujo partido obteve apenas “10% do congresso nacional”, o que prejudica a governabilidade, explicou o deputado eleito pelo estado do Alagoas.

Bolsonaro, “tal como qualquer outro presidente”, tem de fazer “um governo de coligação muito amplo”, obrigando a contínuas cedências.

“O semipresidencialismo dará força” ao Brasil, com um “primeiro-ministro escolhido e indicado pelo Presidente”, que terá de ter “o apoio congressual”, explicou o deputado, apoiante de Jair Bolsonaro.

Esta solução, com um primeiro-ministro que resulta da votação parlamentar e aceite pelo chefe de Estado, tira “essa pressão política do Presidente eleito do Brasil”.

“Nós lutamos lá para mudarmos talvez para um sistema como aqui em Portugal, semipresidencialismo, para tirar essa pressão de cima dos presidentes”, que são sujeitos ao desgaste da gestão executiva.

No Brasil, “basta alguma incompatibilidade na aprovação popular e já se coloca a discussão do ‘impeachment’ [destituição do presidente]”.

Ao longo do mandato atual, já foram feitos vários pedidos de ‘impeachment’ de Bolsonaro, aos quais Lira nunca deu seguimento.

Na Procuradoria-Geral da República está um relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito à atuação do Governo no combate à pandemia que indicia Bolsonaro de vários crimes como prevaricação, charlatanismo, epidemia com resultado em morte, infração a medidas sanitárias preventivas, uso irregular de verbas públicas, incitação ao crime, falsificação de documentos particulares, crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.

Caso a PGR acuse o Presidente destes crimes, o processo será apreciado na Câmara dos Deputados, presidida por Lira.

Mesmo que seja detetado “algum crime de responsabilidade” contra Bolsonaro, Arthur Lira considera que não há condições “para afastar um Presidente do Brasil a menos de um ano das eleições” presidenciais.

Para que o afastamento se concretize serão necessários “três quintos de votação” a favor da condenação, recordou Lira, salientando que o “Brasil hoje está dividido ao meio sem uma maioria expressiva de qualquer dos lados que possa impor uma pauta [agenda] de ‘impeachment’ que é política”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

RALS promove II Encontro de Literacia em Saúde

Viana do Castelo acolhe o II Encontro de Literacia em Saúde, organizado pela Rede Académica de Literacia em Saúde. O evento reúne especialistas e profissionais para debater estratégias de capacitação da população na gestão da sua saúde. A sessão de abertura contou com a presença de representantes da academia, do poder local e de instituições de saúde, realçando a importância do trabalho colaborativo nesta área

Estudantes veem curso de Medicina na UTAD como alívio para escolas sobrelotadas

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina considerou hoje que a abertura do curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro representa uma oportunidade para aliviar a sobrelotação nas restantes escolas médicas. O presidente da ANEM, Paulo Simões Peres, sugeriu que a nova oferta poderá permitir uma redução de vagas noutros estabelecimentos, transferindo-as para Vila Real, após a acreditação condicional do mestrado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Curso de Medicina da UTAD recebe luz verde condicional

A A3ES aprovou o mestrado em Medicina na UTAD, uma resposta à saturação das escolas médicas. A ANEM vê a medida com esperança, mas exige garantias de qualidade e investimento na formação prática.

Gouveia e Melo repudia uso político da crise na saúde

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo criticou a tentativa de capitalizar politicamente os problemas na saúde, defendendo que o Presidente não deve interferir na governação. Falou durante uma ação de campanha em Viseu

Ventura convoca rivais para debate presidencial sobre saúde

O candidato André Ventura desafiou Gouveia e Melo, Marques Mendes e António José Seguro para um debate sobre saúde, em qualquer formato. Defende um novo modelo para o setor, criticando os consensos anteriores por apenas “despejar dinheiro” sem resolver problemas

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights