Projeto de vacina portuguesa parado desde julho à espera de fundos

18 de Novembro 2021

O desenvolvimento operacional de uma vacina contra a covid-19 desenvolvida pela biotecnológica portuguesa Immunethep continua parado desde julho, à espera de fundos por parte do Estado.

“Em termos de desenvolvimento operacional, está parado desde julho, quando terminámos os ensaios não clínicos. Tivemos algumas conversas com o Governo sobre a hipótese de compra adiantada de doses da vacina que nos permitiriam não parar, mas fomos encaminhados para os programas de apoio – Portugal 2020 e PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] – aos quais nos candidatámos e aguardamos os resultados”, disse à agência Lusa o diretor executivo da Immunethep, empresa sediada em Cantanhede.

Segundo Bruno Santos, “na melhor das hipóteses”, haverá resultado das candidaturas entre o final deste ano e o início do próximo, algo que deixa a empresa frustrada, por não poder avançar ao ritmo de outras que arrancaram com o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 ao mesmo tempo.

A empresa precisa de um financiamento de 20 milhões de euros para a fase de ensaios clínicos.

O responsável da Immunethep apontou para o caso da farmacêutica francesa Valneva, que recentemente assinou um acordo de aquisição de 60 milhões de doses com a União Europeia, quando se prepara para avançar para a fase 3 dos ensaios clínicos (a utilização dessa vacina está dependente da aprovação final).

“A Valneva só começou um ou dois meses antes de nós e, como não teve qualquer problema de falta de financiamento, está no início da fase 3 e esta compra antecipada permite-lhes ir para essa fase de forma tranquila e chegar mais depressa ao mercado”, notou Bruno Santos.

Para além dos cinco meses em que já estão parados relativamente ao desenvolvimento da vacina, o diretor executivo da Immunethep salienta que esse atraso pode estender-se.

“Nós já tínhamos ‘slots’ reservados para a produção da vacina que teremos que renegociar quando surgir o investimento. Hoje, também há mais gente vacinada e portanto menos pessoas para ensaios clínicos. O atraso poderá não ser apenas dos cinco meses, mas ter um impacto maior”, frisou.

“Sentimos que se corre o risco de ser uma oportunidade perdida e de o produto não poder avançar, quando outros produtos que começaram depois ou ao mesmo tempo já estão em ensaios clínicos”, lamentou o diretor da empresa fundada em 2014.

LUSA/HN

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