Nuno Fachada retira demissão mas diz que reivindicações se mantêm

27 de Novembro 2021

O diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal, Nuno Fachada, retirou o pedido de demissão, considerando que é fundamental no momento atual assegurar o regular e normal funcionamento dos serviços, mantendo-se, contudo, as reivindicações.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Fachada disse, contudo, que se mantêm todas reivindicações, entre as quais a passagem da unidade para um hospital multidisciplinar e a criação da atratividade para médicos e outros profissionais (anestesistas, obstetras, por exemplo).

Manifestou ainda solidariedade total com os 87 diretores de serviço demissionários uma vez que as questões que levaram às demissões ainda se mantém.

“Ainda estamos à espera dessa oportunidade. O diretor clínico é da máxima resiliência, tal como os restantes médicos e profissionais de saúde. Sou resiliente no aspeto reivindicativo e na gestão médica”, frisou.

O diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal tinha apresentado a demissão do cargo a 30 de setembro, justificando a decisão com a situação de rotura nas urgências, entre outros motivos.

Numa informação enviada na altura aos seus colegas, o médico alegava um conjunto de dificuldades no centro hospitalar como justificação para a sua saída.

A “situação de rotura e agravamento nas urgências médicas, obstétrica, EEMI [Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar]”, assim como “dificuldades noutras escalas como a pediátrica, cirúrgica, via verde AVC, urgências internas, etc”, foram algumas das razões apontadas pelo diretor demissionário.

Agora, numa carta enviada ao presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Setúbal, a que a agência Lusa teve acesso, Nuno Fachada refere que na sequência da reunião em 09 de novembro com a ministra da Saúde, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, a vice-presidente da Administração Regional de Saúde, o presidente da ACSS e o Conselho de Administração do Hospital “foram dados sinais favoráveis e concordantes com a requalificação do CHS para o grupo dos Hospitais de nível D [Multidisciplinar]”.

Segundo o médico, foi também dada nota favorável à abertura de mais vagas médicas, nomeadamente nas especialidades mais carenciadas e criticas, foi tido como necessário o equacionamento da criação de mais vagas formativas nessas especialidades e foram desbloqueados os pedidos de mobilidade existente, o que, “além da grande ajuda conseguida para algumas das situações conjunturais mais emergentes, representa um estímulo ativo para o corpo clínico, que, sem desmobilizar, mantém a expectativa e é sensível perante a atual conjuntura do país”.

O médico destaca ainda o facto de ter sido publicada a abertura do concurso da obra da urgência, a qual considera fundamental que tenha continuidade, uma vez que se trata de uma área de trabalho mais critica e de pior acomodação dos doentes, tornando-se numa das principais razões quer do êxodo de profissionais, quer do somatório de reclamações dos utentes.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Fachada realça que estes são sinais positivos, mas que faltam ser efetivados, registando de forma negativa o facto de a ministra da Saúde ter referido no parlamento que a reclassificação do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) do nível C para D, que permitiria aumentar o financiamento daquela unidade, depender de critérios técnicos e não e uma decisão politica.

“Estava à espera que a requalificação do Centro Hospitalar de Setúbal fosse anunciada e quando se passa para a gestão burocrática essa decisão isso é um murro no estômago”, disse.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Chamadas de telemóvel associadas a um maior risco de hipertensão arterial

Advertisement

Falar ao telemóvel durante 30 minutos ou mais por semana está associado a um aumento de 12% do risco de hipertensão arterial em comparação com menos de 30 minutos, de acordo com um estudo publicado no European Heart Journal – Digital Health, uma revista da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC)

Traumas na infância podem provocar insónia nos adultos?

Advertisement

Investigação demonstrou que experiências adversas na infância resultam em formas mais disfuncionais de lidar com a vergonha e aumentam a gravidade dos casos de insónia na idade adulta, embora estas duas variáveis não surjam associadas.

Manuel Delgado: O SNS está a resvalar muito rapidamente para o precipício

Advertisement

Em entrevista exclusiva ao nosso jornal, Manuel Delgado, ex-Secretário de Estado da Saúde do XXI Governo Constitucional, entre 2015 e 2017 e Professor Auxiliar convidado da ENSP/Universidade Nova de Lisboa para as áreas da Políticas de Saúde e Gestão de Serviços de Saúde, aponta os principais desafios que o SNS enfrenta e os que irá enfrentar no futuro.

Mário Macedo: “Enfermeiros Unidos” por uma Enfermagem com Voz

Advertisement

Mário André Macedo, Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica e principal rosto do Movimento “Enfermeiros unidos”, considera inconcebível o constante afastamento dos enfermeiros dos locais de reflexão, planeamento e decisão em saúde. Pondera vir a candidatar-se a Bastonário da Ordem dos Enfermeiros à qual aponta a responsabilidade de nos últimos anos  ter perdido o seu foco e uma visão estruturada para a profissão.

Entre a idade dos ‘porquês’ e o tempo da revolta: Como lidar com a DII em crianças e jovens?

Advertisement

Viver com uma doença para o resto da vida não é fácil quando o diagnóstico é feito em plena infância ou adolescência. Um cenário que pode ser ainda agravado quando se está perante uma doença com inúmeros estigmas, como a Doença Inflamatória do Intestino. Ter a necessidade de ir, vezes sem conta, à casa de banho pode fazer com que muitas crianças e jovens tenham sentimentos de revolta e vergonha. Atendendo a esta realidade, e de forma a desmistificar algumas destas patologias, a Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI) promoveu no passado dia 16 de maio uma discussão sobre o tema.

MAIS LIDAS

Share This