Presidentes sul-africano e senegalês criticam atitude de países ricos em relação à Africa do Sul

6 de Dezembro 2021

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o Presidente senegalês, Macky Sall, criticaram esta segunda-feira a atitude dos países ricos em relação à África do Sul, após a descoberta da variante Omicron, na abertura de um fórum na capital do Senegal.

“Quando os cientistas sul-africanos descobriram a Omicron, assumiram a responsabilidade de informar o mundo. E o que aconteceu? Os países do norte impuseram restrições para punir a excelência”, afirmou Ramaphosa, referindo-se às proibições de viagem impostas por vários países.

“Isolar um país que detetou uma nova variante e mostrou transparência não é apenas discriminatório, mas também contraproducente, porque encoraja outros a não serem transparentes”, disse, por seu lado, Macky Sall no seu discurso de abertura no Fórum Internacional de Dacar sobre Paz e Segurança em África.

No final de novembro, uma equipa de investigadores sul-africanos anunciou que tinha detetado uma nova variante de Covid-19, a Omicron. A reação imediata de muitos países foi fecharam as suas fronteiras com a África Austral, em poucas horas.

“Isto não é aceitável”, acrescentou Sall. Ramaphosa também disse estar particularmente “desapontado” com a atitude dos países avançados em matéria de vacinas.

Referindo-se ao fornecimento de vacinas a diferentes países, acusou os países ricos de “darem apenas as migalhas”. A ganância que demonstram é particularmente dececionante, especialmente quando afirmam ser nossos parceiros”, sublinhou.

Sobre a difícil questão da laboriosa negociação de um levantamento temporário das patentes que protegem as vacinas contra a Covid-19, considerou que “a recusa” dos países ricos permite “ver realmente quais são os seus interesses”.

As negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) estão estagnadas, porque a Índia e a África do Sul apelaram à remoção temporária das proteções da propriedade intelectual para impulsionar a produção nos países em desenvolvimento e abolir as desigualdades gritantes no acesso às vacinas.

Esta ideia esbarra numa oposição feroz dos gigantes farmacêuticos, em nome do seu esforço financeiro na investigação, e pelos seus países de acolhimento, para os quais as patentes não são o principal constrangimento ao aumento da produção de vacinas, receando que tal medida acabe por minar a capacidade de inovação.

A covid-19 provocou pelo menos 5.253.726 mortes em todo o mundo, entre mais de 265,13 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em 24 de novembro, foram notificadas infeções em cerca de 30 países de todos os continentes, incluindo Portugal.

LUSA/HN

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