Enfermeiros do Porto trabalharam mais de 500 mil horas extra em 2021

9 de Dezembro 2021

Os enfermeiros dos hospitais de São João, Santo António, Tâmega e Sousa, Pedro Hispano, Magalhães de Lemos, IPO/Porto e de Gaia trabalharam este ano "mais de 500 mil horas” extraordinárias, alertou esta quinta-feira o sindicato.

“O volume de horas extraordinárias, que sempre foi uma realidade, subiu exponencialmente. Neste momento, aqui nos hospitais do Porto, são mais de 500 mil horas em trabalho extraordinário que é feito pelos enfermeiros, o que corresponde há falta de 274 enfermeiros” naquelas unidades hospitalares, declarou Fátima Monteiro, coordenadora da Direção Regional do Sindicato dos Enfermeiros do Porto (SEP).

Estas horas extraordinárias dizem respeito apenas aos hospitais de São João e Santo António (Porto), Tâmega e Sousa, Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos (Hospital Pedro Hispano), Magalhães de Lemos (Porto), Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, enumerou Fátima Monteiro.

Em conferência de imprensa, em frente à entrada principal do Hospital de São João, no Porto, Fátima Monteiro disse que o trabalho de “mais de 500 mil horas extraordinárias” só neste ano e até outubro – falta contabilizar novembro e dezembro – reflete a “carência de enfermeiros” na área do Porto, que disse ser de 274 enfermeiros, para além dos enfermeiros que estão com vínculo precário.

O número de horas extra realizadas de janeiro a outubro de 2021 “é muito superior ao número de horas extraordinárias de 2020”, acrescentou a sindicalista, referindo que “face ao acréscimo de trabalho”, o “absentismo subiu terrivelmente” na classe dos enfermeiros este ano.

“É muito. Constantemente os colegas estão a ser chamados para fazer trabalho extraordinário (…) Isto causa um desgaste muito grande. Os colegas deixam de ter os seus descansos, deixam de ter as suas folgas, deixam de ter vida familiar e, portanto, chega desta sobrecarga. É preciso que o Governo, de uma vez por todas, admita mais, e que seja com vínculo efetivo, de forma que se estabilizem e não andem a saltar de instituição para instituição”, assinalou a enfermeira e dirigente sindical.

Para “alertar o Governo e o Ministério da Saúde para os problemas que afetam os profissionais de saúde e neste caso específico os enfermeiros”, cerca de uma dezena daqueles profissionais concentrou-se esta manhã junto ao Hospital de São João.

“Temos de vacinar e temos de contratar”, “Somos necessários, não podemos estar precários”, “Enfermeiros a cumprir devem progredir”, “O risco é profissão! Para todos exigimos compensação”, “Fartos de exploração, exigimos progressão” ou “Enfermeiros exigem admissão de enfermeiros. Justo descongelamentos das progressões. Pagamento do suplemento remuneratório a todos os enfermeiros especialistas” eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes e faixas na concentração dos enfermeiros.

Fátima Monteiro explicou que esta concentração visou “exigir é a vinculação de todos os enfermeiros que existem no Sistema Nacional de Saúde”.

“E só aqui no Porto são cerca de 300 com vínculo precário. Não tem havido autorizações para os efetivar. [Queremos] que haja admissão de mais enfermeiros e que essa admissão não seja por vínculo precário. Estão a dar resposta a necessidades permanentes, devem ter um vínculo permanente”, concluiu a sindicalista.

LUSA/HN

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