Fundo de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária nasceu do inconformismo

14 de Dezembro 2021

Uma responsável do Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária, criado há 20 anos e que salvou 44 milhões de vidas, recordou hoje que quando este surgiu os ativistas não se conformavam com a desigualdade nos tratamentos.

“Foram tempos de solidariedade sem igual”, afirmou Diane Stewart durante a sua participação no fórum virtual de aprendizagem da Fundação Bill & Melinda Gates “Preparados para Responder: Lições da covid-19 para a próxima Emergência de Saúde”, que decorre em paralelo com a primeira Conferência Internacional sobre Saúde Pública em África (CPHIA, sigla em inglês para Conference of Public Health in África).

Com décadas de experiência em programas de emergência, Diane Stewart enalteceu o trabalho desenvolvido por este mecanismo e que se salda em 44 milhões de vidas salvas. Só em 2020, o Fundo fez com que 21,9 milhões de pessoas com VIH tivessem acesso aos tratamentos, 4,7 milhões de pessoas com tuberculose estivessem a ser tratadas e fossem distribuídas 188 milhões de redes antimosquitos, de proteção contra a malária.

Quando o Fundo foi criado, “as pessoas mobilizavam-se e estavam motivadas contra a injustiça de haver medicamentos que eram utilizados nos países ricos e que não chegavam a África”.

“Os ativistas sabiam que se podia salvar vidas e essas vidas não estavam a ser salvas”, prosseguiu.

E recordou o papel de Kofi Annan, que assumiu funções como sétimo secretário-geral das Nações Unidas em janeiro de 1997, e que defendia a criação de “um baú de guerra” para fazer face às consequências de “um dos maiores assassinos de pessoas em países africanos e em países mais pobres”.

Kofi Annan acabaria por ser distinguido, em 2001, e juntamente com a Organização das Nações Unidas, com o Prémio Nobel da Paz pela criação do Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária, pelo seu papel de liderança na mobilização da comunidade internacional na luta contra essas doenças nos países em desenvolvimento.

“Não era aceitável tanta desigualdade no acesso aos medicamentos”, afirmou Diane Stewart, sublinhando os progressos alcançados, mas sem deixar de ressalvar que “ainda persistem muitas desigualdades, as quais mudam o modo como a doença atua”.

E sobre o financiamento, contou que o Fundo contabilizava mil milhões de dólares (884 milhões de euros), “o que era extraordinário, mas muito menos do que os ativistas pediam”.

“Vinte anos depois, o valor atinge os 14 mil milhões [de dólares] [12,37 mil milhões de euros]. Salvámos 44 milhões de vidas, mas podíamos ter salvado muitas mais, se tivéssemos tido acesso a mais financiamento. Mais financiamento são mais vidas salvas”.

O Fundo Global investe quatro mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros) por ano para combater o VIH, a tuberculose e a malária e assegurar “um futuro mais saudável, mais seguro e equitativo para todos”.

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