Tabagismo está relacionado com menores taxas de controle da PA em doentes hipertensos

6 de Janeiro 2022

O tabagismo e a hipertensão são fatores de risco cardiovasculares independentes que frequentemente coexistem nos doentes.

O tabagismo e a hipertensão são fatores de risco cardiovasculares independentes que frequentemente coexistem nos doentes.

Embora o efeito exato do tabagismo no controlo da pressão arterial não seja totalmente conhecido, está associado a menores taxas de controlo da pressão arterial em pacientes que tomam medicação para a hipertensão, de acordo com um estudo apresentado na conferência Virtual da “ACC Latin America 2021”.

Como a relação fisiopatológica entre hipertensão arterial e tabagismo não é clara, é importante que os médicos tenham uma melhor compreensão do controlo da pressão arterial nos fumadores. “Estudos anteriores em homens mostraram essa associação, mas nas mulheres existiam poucas evidências até agora. Além disso, há sinergias entre esses dois fatores de risco: a hipertensão aumenta exponencialmente o risco cardiovascular do fumador e o tabagismo aumenta o risco de hipertensão, piorando assim o seu controlo”, explicou  

Márcio Gonçalves de Sousa, MD, MIntMed, PhD, chefe do Departamento de Hipertensão, Cessação do tabagismo e Nefrologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia em São Paulo, Brasil, e principal autor do estudo.

Os investigadores realizaram uma avaliação retrospetiva de um banco de dados de pacientes adultos com hipertensão arterial que foram atendidos e tratados entre 2018 e 2019. Foram analisados dados de 710 pacientes (255 homens, 455 mulheres) com uma idade média de 66 anos. O estudo classificou as medidas de pressão arterial como controladas (<140/90 mmHg), Fase 1 (140-159 e/ou 90-99 mmHg), Fase 2 (160-179 e/ou 100-109 mmHg) e Fase 3 (>180 e/ou acima de >100 mmg). Os investigadores também registaram informações sobre o uso de tabaco e classificaram os pacientes como não fumadores, fumadores atuais ou ex-fumadores.

No geral, as taxas de controlo da pressão arterial foram semelhantes entre homens e mulheres (36,1% versus 32,5%, respetivamente), assim como a prevalência da pressão arterial Fase 1, Fase 2 e Fase 3. Entre os que nunca fumaram, a categorização da pressão arterial não apresenta diferenças em função do sexo. Entre os que nunca fumaram do sexo masculino, 37,1% inseriram-se na categoria de pressão arterial controlada em comparação com 34,9% das mulheres que nunca fumaram. 

Os fumadores atuais foram associados a menores taxas de controlo da pressão arterial entre homens e mulheres, com apenas 9,1% dos fumadores atuais do sexo masculino inseridos na categoria de pressão arterial controlada e 25% dos fumadores atuais do sexo feminino categorizados como tendo pressão arterial controlada. 

Os ex-fumadores do sexo masculino tinham 37,6% de controlo da pressão arterial, taxa semelhante à dos homens que nunca  fumaram, enquanto as ex-fumadoras do sexo feminino tinham 23,8% de controlo da pressão arterial, demonstrando um risco residual mesmo com a cessação do tabagismo, referiu Gonçalves de Sousa.

“Sem dúvida, a necessidade de cessar o consumo de tabaco será a maior alavanca para alcançar a saúde plena, reforçando assim a necessidade de melhor adesão ao tratamento”, adiantou o investigador. “Apesar dos estudos não provarem que a cessação tabágica melhora o controlo da hipertensão, na prática clínica observamos melhorias nos doentes com hipertensão resistente aliadas à cessação tabágica e maior adesão ao tratamento”. 

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