Trata-se do número anual mais baixo de sempre e os casos registados ocorreram em apenas quatro países da África Subsaariana: Chade, Sudão do Sul, Mali e Etiópia, anunciou hoje o Centro Carter, fundado por Jimmy Carter e pela sua mulher, Rosalynn.
O verme da Guiné é um parasita que pode ser ingerido em águas contaminadas e cresce no interior do organismo, alcançando até um metro de comprimento, antes de provocar uma úlcera e emergir na pele de forma dolorosa.
Resultado de anos de campanhas de saúde pública para melhorar o acesso a água potável em África, o número de casos de doença do verme da Guiné baixou no ano passado para quase metade do número relativo a 2020, quando foram identificados 27 casos em sete países africanos.
Angola e os Camarões, países que em 2020 tinham registado um caso cada, não registaram qualquer caso em 2021.
Quando o centro Carter passou a liderar o esforço pela erradicação da doença, em 1986, o verme da Guiné infetava 3,5 milhões de pessoas por ano em 21 países africanos e asiáticos.
Carter, de 97 anos, fez da erradicação do verme da Guiné uma das suas muitas missões.
“Dizer que temos apenas 14 seres humanos infetados num planeta de quase oito mil milhões é um recorde fenomenal para o programa do verme da Guiné”, disse o diretor do programa de erradicação da doença no Centro Carter, Adam Weiss, citado pela Associated Press.
Também as infeções de animais, como cães e gatos, com o verme da Guiné caíram 45% em 2021, face ao ano anterior, o que é importante porque os animais domésticos podem ter um papel na transmissão do parasita, disse Weiss.
Apesar de não ser fatal, a infeção pelo verme da Guiné, chamada dracunculose, é uma doença dolorosa e debilitante que deixa os doentes incapacitados até que o verme emergente seja removido, um processo longo que pode durar semanas, segundo o centro norte-americano para o controlo e prevenção de doenças.
Segundo o Instituto de Higiene e Medicina Tropical, a dracunculose é uma das doenças tropicais negligenciadas e é expectável que venha a ser a primeira doença parasitária a ser totalmente erradicada.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde alerta que os últimos casos poderão ser os mais difíceis de controlar, porque normalmente acontecem em locais remotos e inacessíveis.
Até hoje, apenas uma doença humana foi erradicada: a varíola.
LUSA/HN
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