Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar dizem que não é possível médico em cada emergência

28 de Janeiro 2022

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) argumentou esta sexta-feira que, “infelizmente”, não é possível “ter um médico em cada emergência pré-hospitalar” e defendeu um “maior investimento na educação” das tripulações de ambulâncias de emergência.

Em comunicado, na sequência das notícias sobre a morte de um bebé em Portalegre após ser transportado para o hospital, a ANTEM considerou que, “aparentemente, não se verifica atraso no socorro”.

“O que se verificou foi a indisponibilidade de intervenção de um meio diferenciado, tripulado por médico e enfermeiro e que não existe em número suficiente, nem localizado geograficamente para uma intervenção eficaz”, adiantou a ANTEM.

“Infelizmente, não podemos ter um médico em cada emergência médica pré-hospitalar”, considerou a associação, realçando que, “para situações que ocorrem em ambiente pré-hospitalar, as tripulações das ambulâncias de emergência não estão dotadas de formação e competências para a intervenção” em casos de “maior gravidade”.

Esta “falta de formação e de competências” expõe “claramente uma imensurável fragilidade” do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), o que se traduz “em situações que acarretam consequências nefastas e inesperadas”, referiu a ANTEM.

“É nestas equipas, as primeiras a chegar ao local da ocorrência, que deve ser feito o maior investimento na formação, desde logo nas suas competências”, defendeu.

Segundo a ANTEM, “Portugal tem um modelo de emergência médica francamente esgotado, com falhas inadmissíveis, num sistema que se apresenta de importância vital para o sistema nacional de saúde”.

Para a ANTEM são necessárias no país “equipas de emergência médica pré-hospitalar capazes de intervir aos mais diversos níveis”, mas, para que tal aconteça, “terá que haver formação” para as tripulações das ambulâncias de emergência “com base nas melhores práticas e evidências (informações) científicas, com as devidas competências de intervenção em todos os níveis e não apenas no nível básico”.

A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH) também lamentou hoje, em comunicado, o sucedido em Portalegre e sublinhou que, “cada vez mais, não é possível ter meios diferenciados com médico a bordo” nas situações de emergência.

A SPEPH reclamou, igualmente, que seja ministrada “educação superior com clarividência científica com base na paramedicina às tripulações das ambulâncias dos bombeiros e da Cruz Vermelha Portuguesa, que efetuam o verdadeiro socorro inicial”.

A revista Sábado noticiou a morte de um bebé de oito dias, na quinta-feira, no hospital de Portalegre, “por falta de socorro médico”.

Segundo a revista, “o socorro foi pedido pelo pai da criança e os bombeiros foram acionados às 09:33”, depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a VMER “do hospital de Portalegre não estava operacional”.

A Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) revelou hoje ter instaurado um inquérito para apurar “todas as circunstâncias” em que o bebé morreu.

A Ordem dos Médicos (OM) também já exigiu hoje que a morte do recém-nascido seja “rapidamente investigada, até às últimas consequências”, por configurar “uma situação muito grave”.

LUSA/HN

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