Países europeus são os que mais reduzem restrições, mas há exceções

2 de Fevereiro 2022

As restrições impostas para conter a pandemia de Covid-19 começaram a ser levantadas sobretudo em países europeus, dois anos depois da chegada do coronavírus à Europa, mas há países a reforçá-las, enquanto a OMS aconselha prudência.

Países nórdicos como a Dinamarca, a Finlândia e a Noruega tomaram a dianteira, mas também o Reino Unido, a Irlanda e os Países Baixos puseram termo ou aliviaram as limitações nos últimos dias.

A Dinamarca tornou-se na terça-feira o primeiro dos países da União Europeia a eliminar a maioria das restrições destinadas a combater a pandemia de Covid-19.

A restrição mais visível que desapareceu é o uso de máscaras, cuja utilização passou a ser recomendada apenas em hospitais, instalações de cuidados de saúde e lares de terceira idade.

Também deixará de ser exigida a apresentação do certificado vacinal para entrar em discotecas, bares e restaurantes.

Na Noruega, medidas anti-covid como o teletrabalho obrigatório ou as restrições à venda de álcool terminaram hoje e o limite recomendado para o número de convidados em cada habitação ou de pessoas em eventos desportivos também foi levantado.

Já não é necessária a realização de um teste na fronteira para entrar na Noruega, mas permanecem algumas restrições, como o uso de máscara onde não é possível respeitar a distância, como lojas e transportes públicos.

Na Finlândia, mais cautelosa, terminaram na terça-feira os controlos fronteiriços com os outros países Schengen, continuando, pelo menos até 14 de fevereiro, os dos viajantes de fora da União Europeia.

Também desde terça-feira os estabelecimentos que servem refeições podem estar abertos até às 21:00, em vez de terem de fechar às 18:00, e podem vender álcool até às 20:00.

O Governo está a negociar com os partidos o calendário para levantar outras medidas, sendo que algumas relativas a locais de “baixo risco”, tais como museus e cinemas, são da competência das autoridades regionais e locais.

O Reino Unido levantou quase todas as restrições internas, mantendo como única exigência legal o auto-isolamento após um teste positivo à Covid-19.

O uso da máscara deixou de ser obrigatório, os passes de vacinação não são necessários para entrar nos estabelecimentos e deixou de existir a recomendação de trabalhar a partir de casa.

A Irlanda levantou a maior parte das suas restrições e os Países Baixos também as aliviaram, embora os bares e restaurantes ainda tenham de fechar as 22:00.

A França, que continua a reportar dos mais elevados números de casos diários do continente, planeia levantar ou rever algumas restrições a partir de hoje, nomeadamente sobre o uso de máscara ao ar livre e os limites às concentrações de pessoas.

Mas as máscaras devem continuar a ser usadas em muitos locais públicos, os clubes noturnos estão fechados e não é permitido comer ou beber em cinemas, estádios ou transportes públicos.

Já a vizinha Suíça acredita que a crise da Covid-19 está prestes a entrar numa fase endémica e planeia suspender todas as restrições até meados de fevereiro.

“Claro que a pandemia não acabou, mas vemos a luz no horizonte”, declarou hoje o presidente da confederação helvética, Ignazio Cassis, numa conferência de imprensa.

Quanto aos países da UE, nem todos avançam na mesma direção. Itália, por exemplo, tem aumentado as situações em que exige a apresentação do certificado durante a vaga da variante Ómicron.

Uma medida recente é a necessidade de pelo menos um teste negativo feito nas 48 anteriores para entrar em bancos e estações de correios, e qualquer pessoa com mais de 50 anos que não tenha sido vacinada arrisca-se a pagar uma multa de 100 euros.

A Alemanha decidiu há uma semana manter várias restrições devido ao aumento das infeções.

Fora da Europa são poucos os passos para levantar restrições e, tal como aconteceu em Itália, as limitações foram até reforçadas nalguns países.

Nas vésperas de receber os Jogos Olímpicos de inverno, a China continua com a sua “política de zero casos” Covid-19.

Pequim impõe bloqueios rigorosos e quarentenas logo que quaisquer casos são detetados, e continua a exigir que as pessoas usem máscaras nos transportes públicos e mostrem um certificado para entrar na maioria dos restaurantes e lojas.

Nos Estados Unidos, os governos locais tomam decisões avulsas. A cidade de Denver anunciou segunda-feira o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras para empresas e espaços públicos, mantendo-os para escolas e transportes públicos.

No estado de Nova Iorque, onde os casos da variante Ómicron atingiram o seu pico, e depois caíram desde finais de dezembro, uma medida idêntica está nas mãos dos tribunais.

Na Nova Zelândia, o Governo de Jacinda Ardern impôs há pouco mais de uma semana regras mais rígidas sobre o uso de máscara e limitação de pessoas em eventos.

Bares, restaurantes e eventos como casamentos têm uma afluência máxima de 100 pessoas (25 se não for exigido o certificado Covid), o que obrigou a própria primeira-ministra a cancelar a sua festa de matrimónio.

A capital da Índia, Nova Deli, anunciou na semana passada uma flexibilização das restrições da Covid-19 e o fim do recolher obrigatório de fim de semana imposto desde o início de janeiro, após um abrandamento dos contágios no país.

As autoridades locais removeram as medidas impostas aos comerciantes e permitiram a reabertura de restaurantes, mas vai manter-se um recolher obrigatório noturno.

A Covid-19 provocou pelo menos 5.686.108 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 na China.

A variante Ómicron do coronavírus foi responsável por mais casos no mundo nas últimas 10 semanas (90 milhões) do que os registados durante todo o ano de 2020, indicou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mas há menos casos graves e, por isso, a OMS admite que alguns países podem considerar flexibilizar as regras, mas de forma criteriosa, se tiverem elevadas taxas de imunidade, sistemas de saúde fortes e curvas epidemiológicas favoráveis.

LUSA/HN

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