Empresas de Cabo Verde querem ser envolvidas nas decisões para a retoma

19 de Fevereiro 2022

As empresas cabo-verdianas consideraram “inadequada” a abordagem do Governo nas intervenções para a retoma económica no pós-pandemia da covid-19, pedem “mais consideração” e querem ser envolvidas no processo de tomada de decisões.

“Embora entendemos as dificuldades orçamentárias causadas pela prolongada crise pandémica e a necessidade de tomar decisões rapidamente, acreditamos que o setor privado deve receber muito mais consideração”, escreveu a Associação Empresarial de Cabo Verde (AECV), em comunicado enviado à agência Lusa.

A mesma fonte considerou “inadequada” a abordagem do Governo nos últimos meses em relação às intervenções destinadas a influenciar a conjuntura económica do país.

Enfatizando a importância das empresas na produção de riquezas, trabalho e inovação, a agremiação cabo-verdiana considerou, entretanto, que o setor privado deve ser repensado e envolvido no processo de tomada de decisões políticas.

“Não podemos continuar a pensar que a política e a economia não estão continuamente em contacto próximo para conhecer as dificuldades uma da outra e construir juntos um caminho partilhado, com uma visão estratégica e com um pacto de lealdade no respeito dos compromissos mútuos”, defendeu a associação Cabo Verde Empresas, em nota assinada pelo seu presidente, Andrea Benolli.

Considerando “congruente” o plano de retoma da economia apresentado pelo Governo, a Cabo Verde Empresas disse esperar que o sistema bancário se mostre flexível na análise das últimas demonstrações financeiras.

“Uma vez que todos os setores económicos foram mais ou menos afetados pelos efeitos da pandemia. Sem essa flexibilidade, muitas empresas ficarão impedidas de fazer novos investimentos, apesar das garantias do Estado”, completou.

Dentro dos setores considerados de maior interesse pelo Governo, a Cabo Verde Empresas notou que não encontrou uma política orientada para a diversificação dos investimentos económicos, como a reciclagem, que é capaz de gerar emprego e riqueza.

“Esperamos que o Governo avance de forma mais decisiva também neste sentido, incentivando o nascimento deste novo setor económico, cumprindo plenamente os objetivos de sustentabilidade ambiental da Agenda 2030/2050 da ONU”, apelou.

As empresas cabo-verdianas pedem ainda abertura de uma frente de diálogo entre o Governo, setor privado e e as instituições financeiras para poder prolongar as moratórias, pelo menos, até final do ano, para poderem chegar até à época alta do turismo.

A Cabo Verde Empresas é uma agremiação empresarial com mais de 200 associados e delegações regionais nas ilhas da Boa Vista, São Vicente e Santiago.

Há uma semana, o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, disse que está a ser negociada com o Banco de Cabo Verde (BCV) a possibilidade de prorrogar as moratórias aos empréstimos bancários às empresas, que terminam em março próximo.

O Governo de Cabo Verde anunciou em 23 de julho passado a prorrogação até 31 de março de 2022 do regime de moratórias ao pagamento de capital e juros em empréstimos bancários, medida de mitigação das consequências económicas da pandemia de covid-19, que continuam a afetar a retoma da economia.

As moratórias ao crédito foram aprovadas no final de março de 2020 e previam um primeiro período de seis meses, até 30 de setembro do mesmo ano, tendo sido então prorrogado até 31 de dezembro – e posteriormente novamente prorrogadas -, devido à “evolução da covid-19, cujos impactos das medidas com vista à sua mitigação se fazem sentir na dinâmica económica e na situação financeira do país”, admitiu anteriormente o Governo.

O plano governamental de retoma da economia cabo-verdiana no pós-pandemia, apresentado em finais de janeiro, prevê, entre outras medidas, mais 82 milhões de euros de linhas de crédito às empresas, com taxas de juro de até 3,5%.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

NR/HN/LUSA

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