O documento “Conversar sobre a Guerra” começa por deixar claro que o melhor a fazer é estar disponível para escutar as preocupações, conversar e responder às dúvidas dos mais novos.
Porque é importante conversar sobre a guerra?
Mesmo sem estarem em ambientes de guerra, muitas crianças são expostas à violência e não percebem o que está a acontecer. É natural que se sintam ansiosas, aterrorizadas, confusas ou com medo. Por isso, é importante responder às dúvidas e dar-lhes informação apropriada à idade, capacidade de compreensão e experiências para que se sintam seguras e protegidas. É essencial conversar quando é preciso, mas também não se deve forçar a tomar consciência sobre a existência de uma guerra se as crianças – sobretudo as mais pequenas – não se mostrarem interessadas ou não quiserem falar. Contudo, mostre que estará disponível caso a criança queira.
As crianças não vão sentir-se ainda mais assustadas por estarmos a conversar sobre guerra?
«Por muito que conversar sobre violência, conflitos e guerra possa ser assustador e gerar medos, é ainda mais assustador pensar que ninguém pode falar connosco sobre esses sentimentos», pode ler-se no documento. É importante conversar de forma sensível e apoiar os mais novos no que estão a sentir, deixando claro que podem sempre dizer o que estão a pensar e a sentir. Não menos importante é perceber o que sabem sobre o assunto, corrigir ídeias erróneas, filtrar a informação e transmitir segurança.
As crianças/jovens conseguem compreender o que é uma guerra?
Se para os adultos é difícil compreender uma guerra, para as crianças a quem se passa mensagens de respeito, bondade, paz e compaixão ainda pode ser mais confuso. Contudo, os mais novos sabem identificar o sofrimento e conseguem fazer analogias com a sua própria experiência. É natural que se sintam confusas, perturbadas, ansiosas, assustadas, preocupadas ou tristes, com alterações no sono, no comportamento, apetite ou concentração. O documento ressalva que crianças que estejam a passar por situações de violência, divórcio ou morte de um familiar podem ter um risco mais elevado de experienciar mais ansiedade e mais alterações do comportamento.
Como conversar sobre a guerra?
Por ser complexo e assustador falar sobre a guerra com os mais novos, a OPP sugere que se dê espaço à criança para expressar os seus pensamentos, que se escute atentamente e descubra o que a criança já sabe, que se valide os seus sentimentos e que se adeque a linguagem e a informação à idade da criança. Outras sugestões igualmente importantes são assegurar que a criança está protegida, sublinhar que há esperança e muitas pessoas a ajudar, assistir às notícias em conjunto (com crianças mais velhas), evitar estereótipos, encorajar comportamentos pró-sociais e monitorizar a saúde psicológica das crianças. «Não precisamos de ser especialistas num assunto para ouvir o que as crianças/jovens pensam e sentem».
Como responder a perguntas específicas sobre a guerra?
Perante perguntas mais complexas é importante perceber primeiro o que sabe a criança. Depois, deve-se mostrar que existem diferentes perspetivas ao olhar para um conflito. O documento apresenta algumas pistas de resposta a perguntas mais recorrentes como “o que é a guerra?”, “porque existem guerras?”, “os nossos amigos/familiares são morrer?”, “os avós estão bem?”, “também nos vão atacar?” ou “porque há pessoas que matam outras pessoas?”.
Como podemos aproveitar a guerra para educar para a não violência e construir a paz?
A guerra pode ser um pretexto para procurar oportunidades de aprendizagem e de educar para a não violência, interiorizando a ideia de que os conflitos podem ser resolvidos de forma pacífica. Mostrar empatia, ajudar a identificar e expressar a raiva, demonstrar os passos necessários para resolver um problema e valorizar as competências de não violência são algumas das propostas que se podem ler no documento. «É importante falar com as crianças e jovens sobre os esforços que nós, enquanto comunidades e sociedades, podemos envidar para promover e construir diálogos, pontes, justiça e paz».
Para aceder ao documento clique aqui
PR/HN/AL
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