Nova gestão permitiu melhorar cuidados no principal hospital da Guiné-Bissau

7 de Março 2022

A alteração da administração do Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, com a criação de um comité de gestão, permitiu “melhorias significativas” na prestação dos cuidados de saúde à população, disse o diretor-geral daquela unidade, Sílvio Coelho.

“Esse comité de gestão trouxe para o hospital melhorias significativas”, afirmou o médico guineense.

O comité de gestão envolve os ministérios da Saúde e Finanças, organização não-governamentais, sociedade civil e sindicatos do setor e é presidido pelo diretor-geral do Hospital Nacional Simão Mendes, principal unidade hospitalar da Guiné-Bissau.

Segundo Sílvio Coelho, especialista em dermatologia, o comité de gestão fez alterações profundas no hospital.

Além das obras de melhoria nos diversos edifícios do hospital, os medicamentos no contexto de urgência e de emergência passaram a ser totalmente gratuitos, tal como a assistência a gestantes, crianças até aos cinco anos e maiores de 60 anos.

O comité de gestão definiu também novas tabelas de preços e as cirurgias passaram a ser gratuitas.

O médico explicou que as consultas de especialidade custam agora 1.000 francos cfa (cerca de 1,5 euros), o pacote de análises 2.000 francos cfa (cerca de três euros) e que os restantes exames, como as radiografias, passaram a custar 2.500 francos (cerca de 3,80 euros) e que também foi criada uma equipa de manutenção dos equipamentos.

“Tudo isso está naquele contexto de melhoria significa da prestação dos cuidados de saúde. Como é sabido, para a nossa população, que tem condições económicas muito baixas, vir ao hospital e ser prescrita uma certa medicação para ir comprar lá fora representa um certo gasto e o Governo está a subvencionar todo o tratamento em caso de emergência e urgência”, explicou.

A farmácia do hospital é atualmente gerida pela organização não-governamental AIDA e durante o ano de 2021 entregou medicamentos gratuitos a 73.118 utentes.

“Hoje dá-se refeição de acordo com as patologias dos doentes e isso é muito bom. Estamos a falar de um país onde as pessoas diariamente não têm três refeições. Aqui no hospital já é garantido para os utentes hospitalizados, mas também para as pessoas que os assistem”, disse.

Mas, segundo o diretor-geral, ainda há coisas para fazer, nomeadamente a capacitação de técnicos e a aquisição de novos medicamentos.

“Hoje já estamos a pensar em comprar um aparelho para fazer tomografias. Mas quando se pensa em adquirir esses equipamentos é preciso também ter técnicos treinados para fazer os diagnósticos”, afirmou.

O médico salientou também que as “respostas do Governo” obrigam a novos desafios, que passam pela qualificação dos profissionais de saúde, dando, por exemplo, formações internas sobre atendimento humanizado e cobranças ilegais.

Sílvio Coelho recordou igualmente que têm sido estabelecidos acordos de cooperação, que permitiram o envio de uma “equipa robusta de médicos nigerianos” e que para breve deve chegar uma equipa de médicos espanhóis.

“Tem havido investimentos, na minha modesta opinião, nunca antes vistos no setor da saúde e isso é bom de salientar. Fora disso contamos também com um maior número de quadros, jovens formados que estão dispostos a trabalhar e um grupo considerável de pessoas que já estão a terminar as suas carreiras e que hoje funcionam como conselheiros dos mais jovens”, afirmou.

Em 2021, além de ter fornecido medicamentos gratuitos a mais de 73 mil utentes, o Hospital Nacional Simão Mendes deu 44.212 consultas, teve 12.388 internamentos e realizou 958 cesarianas e 620 cirurgias.

O diretor-geral salientou que em 2021, que foi marcado por uma greve anual no setor, o hospital teve uma média de atendimento diário de 212 pessoas.

O Hospital Nacional Simão Mendes em Bissau tem 292 médicos, incluindo 20 especialistas e 630 enfermeiros.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Abertas candidaturas para o Prémio Grünenthal Dor 2023

A Fundação Grünenthal premeia anualmente trabalhos de investigação clínica ou básica, a quem atribui um prémio no valor de 7500 euros. O período de apresentação de candidaturas decorrerá até 30 de maio de 2024.

ULSVDL adota solução inovadora para gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

No âmbito da candidatura ao Sistema de Apoio à Modernização Administrativa (SAMA) “DIR@2020 – Desmaterializar, Integrar e Robotizar”, a Unidade de Reprocessamento de Dispositivos Médicos (URDM) da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) deu um passo importante para otimizar os seus processos, ao implementar uma solução de gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights