Pandemia de covid-19 “afetou muito” medicina legal em Portugal

9 de Março 2022

A pandemia de covid-19 “afetou muito” a medicina legal em Portugal, sobretudo em 2021, disse hoje, na Praia, o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, afirmando que foi um ano de aprendizagem e adaptação.

“Em Portugal [a pandemia] afetou muito, especialmente no ano passado”, começou por dizer à agência Lusa Francisco Corte Real, que está na cidade da Praia para participar num fórum sobre a implementação do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses em Cabo Verde, projeto que conta com apoio de Portugal.

A título de exemplo, o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) disse que janeiro de 2021 foi o mês com mais óbitos na história dos registos de óbitos em Portugal, o que “afetou muito” a medicina legal no país.

“Nós tivemos que fazer um reforço da capacidade frigorífica em metade dos serviços médico legais do país, nós tivemos que acionar o plano de contingência que implicou o adiamento de todas as perícias que podiam ser adiadas”, deu conta a mesma fonte.

A ideia, prosseguiu, era permitir que todos os profissionais pudessem responder às necessidades urgentes que não podiam ser adiadas, como as autópsias e os crimes sexuais.

Ainda durante o ano de 2021, recordou, muitos profissionais estavam doentes ou em isolamento, o que também afetou os serviços.

Apesar das dificuldades, Francisco Corte Real disse que a pandemia de covid-19 permitiu desenvolvimentos, como o instituto ter passado a realizar autópsias virtuais, através da imagiologia, em casos de SARS-CoV-2 positivos.

“Nós também nos adaptámos à própria pandemia, realizámos autópsias em mortes por covid-19 numa sala de risco biológico”, recordou.

Neste momento, informou ainda, o instituto está a adquirir equipamentos para as salas de autópsias, para ter autonomia na realização de ressonâncias magnéticas, TAC (Tomografia Computadorizada) e estudo imagiológico dos cadáveres que têm risco infeccioso.

“Afetou de uma forma muito significativa, mas o instituto conseguiu adaptar-se, não fechou os seus serviços e continuou o seu objetivo de redução de pendências”, salientou o presidente, dizendo que o instituto terminou 2021 com o menor número de pendências desde a sua criação.

“Conseguimos adaptar-nos à pandemia, continuando com os objetivos do instituto, sem nunca termos fechado qualquer serviço médico-legal do país”, insistiu Corte Real, que é um dos convidados do fórum, que pretende obter subsídios para a implementação do instituto em Cabo Verde.

O presidente do INMLCF português vai ser orador para falar sobre a formação em medicina legal e a qualidade pericial médico-legal.

Organizado pelo Ministério da Justiça, o evento pretende abranger os poderes executivo e judicial, pessoal de saúde, docentes e discentes da área da saúde, investigadores criminais, profissionais da área jurídica, da educação e ensino superior, seguradoras e demais intervenientes no âmbito da medida legal e ciências forenses.

Cabo Verde pretende instalar em breve o seu Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses de forma faseada, esperando que esteja a funcionar em pleno em todas as ilhas em menos de 10 anos, num projeto que conta com o apoio de Portugal.

LUSA/HN

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