Doenças não transmissíveis responsáveis por dois terços das mortes prematuras

10 de Março 2022

Dois terços das mortes prematuras na Europa são causadas por quatro doenças não transmissíveis, continente com uma das taxas de suicídio mais elevadas do mundo e onde as infeções por VIH estão a aumentar, alertou esta quinta-feira a OMS.

“Dois terços de todas as mortes antes dos 70 anos na região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) são causadas por quatro grandes doenças não transmissíveis: cardiovasculares, cancros, doenças respiratórias crónicas e diabetes”, refere o Relatório Europeu da Saúde 2021 hoje divulgado.

Segundo o documento, um em cada cinco homens e uma em cada 10 mulheres “está atualmente a morrer antes do seu 70.º aniversário de uma das quatro principais” doenças não transmissíveis, mortes que são “em grande parte evitáveis” e causadas por quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: o consumo de tabaco, a dieta pouco saudável, a falta de atividade física e o consumo prejudicial do álcool.

 De acordo com o relatório da OMS, o suicídio constitui também um “importante contribuinte para a mortalidade prematura” na Europa que, apesar da redução registada, continua a “ter uma das taxas de mortalidade por suicídio mais elevadas a nível mundial”.

Em 2019, ainda antes da pandemia da Covid-19, 119.000 pessoas na região europeia da OMS, que inclui mais de 50 países, “morreram por suicídio”, salienta o relatório.

A OMS alerta ainda que a Europa é uma das duas regiões da OMS onde o número de infeções por VIH está a aumentar, com um crescimento de cerca de 6% para cada 1.000 pessoas entre 2015 e 2019, sendo o sexo heterossexual a forma mais comum de transmissão (50%).

Em 2018, as doenças cardiovasculares foram as que mais contribuíram para a mortalidade prematura (48,9%), seguidas de perto pelo cancro (44,1%), enquanto as doenças do sistema respiratório (3,7%) e a diabetes (3,3%) tiveram impactos menores neste indicador.

A OMS avança ainda que o consumo total de álcool per capita diminuiu 1,3 litros entre 2000 e 2019, no entanto, os níveis de consumo na Europa continuam a ser os mais elevados a nível global.

“Anualmente, os adultos (pessoas com 15 anos ou mais) da região bebem, em média, 9,5 litros de álcool puro”, o equivalente a 190 litros de cerveja, 80 litros de vinho ou 24 litros de bebidas espirituosas, alerta o relatório da OMS Europa.

Em Portugal, de acordo com o relatório, o consumo total per capita aumentou de 11,9 para 12,1 entre 2015 e 2019.

Segundo o relatório, o consumo de álcool está associado a 31% das mortes por doenças digestivas, 11% das mortes por doenças cardiovasculares, 6% das mortes por cancro, 30% das mortes por lesões não intencionais (quedas, afogamentos, acidentes de viação) e 39% das mortes por lesões intencionais (suicídio ou homicídio).

Relativamente ao consumo de tabaco, a prevalência padronizada da taxa entre pessoas com 15 anos ou mais foi de 26,3% em 2018 na Europa, tendo aumentado em Portugal entre 2010 e 2018.

 A OMS alerta que o uso de cigarros eletrónicos tem vindo a ganhar popularidade entre os jovens 13 e os 15 anos, com alguns países a registarem as taxas de utilização dos cigarros eletrónicos entre os jovens mais elevadas do que as dos cigarros convencionais.

Na maioria dos países da região europeia da OMS, a prevalência de excesso de peso e de obesidade é maior em rapazes dos 7 aos 9 anos (29%) do que nas raparigas (27%) e quase uma em cada três crianças desta faixa etária vive com excesso de peso ou obesidade.

O documento sublinha também que todos os países cumpriram a meta para a mortalidade materna de menos de 70 por 100.000 nados vivos até 2030, estando a taxa situada nos 13 por 100.000 nados vivos, a partir de 2017.

Quanto aos profissionais de saúde, a região europeia da OMS tem a maior taxa de médicos (47,2 por 10.000 habitantes) em todo o mundo e regista a segunda maior taxa de pessoal de enfermagem (81,9 por 10 000 habitantes).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Ispa promove estudo sobre incontinência urinária na mulher

O William James Center for Research do Ispa – Instituto Universitário apresenta um estudo com o tema “Crenças e estratégias sobre a incontinência urinária (IU): um possível papel moderador entre sintomas e função sexual e qualidade de vida”, que permitiu identificar benefícios se o tratamento tiver abordagem multidisciplinar entre médicos da especialidade e psicólogos.

Federação da paralisia cerebral sensibiliza novo PM para apoios

A Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral (FAPPC) pediu a intervenção do novo primeiro-ministro para um conjunto de reclamações que, em alguns casos, estão inalteradas há uma década, queixando-se da falta de respostas do anterior executivo.

Investigadores reúnem-se em Lisboa para analisar ‘long-covid’

Investigadores nacionais e estrangeiros reúnem-se na próxima semana em Lisboa, numa conferência internacional inédita que pretende alertar para a relação da ‘long covid’ com doenças, como a fadiga crónica, e a necessidade de encontrar resposta para estes doentes.

OMS lança nova rede de laboratórios para os coronavírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma nova rede de laboratórios para coordenar as capacidades à escala global de deteção, monitorização e avaliação de coronavírus potencialmente novos ou em circulação com impacto na saúde pública.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights