Banco de Portugal estima que produto potencial aumente 2,2% este ano

25 de Março 2022

O Banco de Portugal prevê que o produto potencial aumente 2,2% este ano, depois do impacto da crise provocada pela pandemia ter sido relativamente contido sobre a capacidade produtiva de longo prazo.

No boletim económico de março, divulgado na quinta-feira, a instituição liderada por Mário Centeno assinala que as estimativas apontam para uma redução do produto potencial – um indicador utilizado para estimar a capacidade produtiva de longo prazo – da economia portuguesa de 0,5% em 2020 e para uma recuperação de 1,5% em 2021.

Mário Centeno destacou, durante a conferência de imprensa de apresentação do boletim, que tal revela que a crise terá “tido um impacto contido sobre o produto potencial”, sublinhando esperar um aumento do indicador entre 2022 e 2024, “com a normalização progressiva das horas de trabalho por empregado”.

O boletim económico projeta que o produto potencial aumente 2,2% em 2022 e 1,8% em 2023 e 2024.

“Estes valores correspondem a uma aproximação à trajetória projetada antes da eclosão da pandemia, estimando-se que persista uma redução de cerca de 2% no final do horizonte face a essa projeção contrafactual”, indica.

De acordo com a análise dos economistas do banco central português, em 2021 e 2022, o fator trabalho teve “um contributo positivo importante para o crescimento potencial, associado a uma normalização progressiva das horas de trabalho por empregado para os níveis pré-pandemia, uma recuperação da taxa de atividade e uma nova redução da taxa de desemprego tendencial”.

Deste modo, esperam que a tendência das horas trabalhadas no período 2023-24 contribui de forma moderada para o crescimento potencial, com uma “relativa estabilização” das horas por trabalhador e uma taxa de desemprego tendencial a situar-se em torno de 6,6%.

Preveem, assim, a recuperação do contributo da tendência da produtividade total dos fatores para o crescimento potencial entre 2022 e 2024, após a queda estimada durante a pandemia, assumindo-se a dissipação destas perturbações, com um aumento da eficiência na utilização dos fatores de produção.

“Esta evolução é reforçada pelo estímulo dado pela pandemia à disseminação mais rápida de novas tecnologias e maiores investimentos em I&D e na digitalização da economia”, aponta.

O BdP destaca ainda que o impacto relativamente contido da crise pandémica sobre o produto potencial em 2020-2021 “refletiu-se no surgimento de uma subutilização significativa de recursos na economia, estimando-se um hiato do produto muito negativo”.

Para o regulador, o crescimento expressivo do PIB entre 2022 e 2024, e em relação ao produto potencial, coloca o hiato do produto em -0,5% do produto potencial este ano, e em 0,7% em 2023-24.

“Estes resultados apontam para uma redução da margem disponível na economia portuguesa, em termos de capacidade produtiva, o que implica maiores pressões sobre os preços”, adverte.

Assinala ainda que no mercado de trabalho projeta-se que o hiato do desemprego, permaneça em torno de -1 pp, o que “implica a manutenção de pressões ascendentes sobre os custos salariais nos próximos anos”.

LUSA/HN

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