Pílula contribui para a prevenção da endometriose e cancro do ovário, diz especialista

26 de Março 2022

A propósito do Mês Internacional da Consciencialização para a Endometriose, a Gedeon Richter promoveu esta quinta-feira à noite um webinar dedicado ao tema. Na sessão online, a ginecologista Fátima Faustino salientou os contributos dos métodos contracetivos na prevenção da endometriose e do cancro do ovário. Estima-se que em Portugal cerca de 230 mil mulheres sofram de endometriose.

A iniciativa surgiu no âmbito do programa FAMA (Farmácia e o Aconselhamento à Mulher em Atendimento), um projeto da multinacional farmacêutica que visa promover a “formação avançada” dos farmacêuticos. Através de uma sessão interativa, especialistas na área da endometriose colocaram à prova os conhecimentos dos participantes.

O webinar que contou com a participação de mais de 360 pessoas ficou marcado pela intervenção de Fátima Faustino, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). A especialista começou por classificar a endometriose como um tema “complicado e complexo”.

Para garantir a troca de conhecimentos, Fátima Faustino lançou ao longo do webinar um conjunto de perguntas, com respostas de escolha múltipla, aos participantes. As principais questões trazidas a debate foram os sintomas, a prevalência, o diagnóstico, o tratamento, entre outras.

O que é endometriose, principais sintomas e impacto na fertilidade

Segundo a ginecologista, a endometriose “é uma doença inflamatória, benigna, estrogénio-dependente e que afeta a mulher na idade fértil”, podendo causar lesões “multiformes, de extensão muito variada e localização muito diversa”. Estas lesões podem atingir a pélvis, o intestino e o diafragma.

Os principais sintomas da doença incluem: dor na menstruação, dor nas relações sexuais, dores intestinais, dor crónica, dor na micção e infertilidade. No entanto, a especialista adverte que “cada caso é um caso”, admitindo já ter assistido a casos graves “com pouca sintomatologia”.

Por outro lado, a ginecologista chamou a atenção para o debate que existe à volta da Adenomiose sobre se é ou não uma forma de Endometriose interna. Esta consiste na “infiltração do endométrio na parede uterina”, em que, à diferença da Endometriose, as mulheres apresentam hemorragias uterinas.

Atendendo ao facto da Endometriose ter “forte impacto na qualidade de vida” das mulheres, Fátima Faustino frisou a relação que existe entre a doença e a infertilidade. A distorção anatómica provocada pela doença “vai implicar alterações da função hormonal e celular”, condicionando, assim, a gravidez da mulher.

“Outro problema associado à Endometriose, e que muito se discute e que ainda não chegamos a conclusões definidas, é a relação da doença e o cancro”, lamenta a especialista. Há estudos que sugerem que a endometriose pode estar associada ao cancro do ovário.

No que toca às estratégias de redução de risco do cancro, Fátima Faustino afirmou que “os contracetivos orais são protetores ao cancro do ovário”. Desta forma, o uso de pílula pode ter um “benefício duplo”, pois” tem uma proteção em relação à endometriose e ao risco de cancro”.

Apesar de ainda não existirem dados concretos, a especialista admite que há estudos a alertarem para o aumento do risco de doença cardiovasculares e autoimunes associadas à endometriose.

Consequências da desvalorização dos sintomas

Por considerar “graves” as consequências da Endometriose para a saúde da mulher, a ginecologista destaca que os médicos devem considerar o diagnóstico quando há queixas de dor intensa. A vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia sublinha que “há mitos que têm de acabar”, pois as dores na menstruação não podem ser encaradas como algo “normal”. “A desvalorização dos sintomas atrasa o diagnóstico, podendo levar a situações mais graves”.

Sobre o tratamento da Endometriose, Fátima Faustino voltou a recuperar a ideia de que “cada caso é um caso”, defendendo que a doente deve ser colocada no centro das decisões terapêuticas. Os objetivos do tratamento devem ser: controlo da dor, melhoria da qualidade de vida, evitar cirurgias desnecessárias, prevenção de recidivas e a preservação do potencial de fertilidade.

A sessão que se prolongou por mais de duas horas quis sensibilizar os participantes para o forte impacto que a Endometriose tem na qualidade de vida das doentes. Estima-se que em Portugal cerca de 230 mil mulheres sofram de endometriose.

HN/Vaishaly Camões

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