Estado baixou em 10% recurso a privados para reduzir listas de espera

5 de Abril 2022

O recurso do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos hospitais privados, para reduzir listas de espera, baixou 10% no ano passado, em relação a 2020, revelou esta terça-feira o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).

Os hospitais privados registaram em 2021 um crescimento de 25% no total de cirurgias, mas tiveram uma redução de 10% no número de cirurgias contratadas pelo SNS comparativamente a 2020, no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de listas de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), afirmou Óscar Gaspar em conferência de imprensa, onde fez o balanço da atividade dos hospitais privados no ano passado.

“A questão que se coloca não tem a ver com a nossa disponibilidade, que não só se manteve como era superior, mas da parte do SNS entendeu-se que, por um lado, houve cirurgias que foram internalizadas e não foi necessário recorrer a terceiros para elas serem feitas e, por outro lado, algumas terão sido feitas por outras entidades”, sublinhou.

Fazendo um balanço da atividade dos hospitais privados em 2021, Óscar Gaspar afirmou que 2021 “ainda foi um ano muito marcado pela covid-19”, mas houve “um intenso trabalho” para recuperar a atividade que não foi realizada em 2020 fruto do confinamento e das regras da DGS.

“Mas recuperámos aquilo que não tinha sido feito em 2020 e ainda acrescentámos muitos atos clínicos de diagnóstico em relação a 2021”, disse o responsável com base em dados fornecidos pelos hospitais à APHP que, afirmou, “dão um retrato fidedigno” da atividade.

Avançou que o investimento reportado em 2021 foi superior a 150 milhões de euros e deveu-se à construção de alguns hospitais e à aquisição de equipamentos e tecnologia.

“É um valor muito significativo porque ainda foi num ano de pandemia e na sequência de 2020, que foi um ano terrivelmente impactante para todas as entidades de saúde”, vincou.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), existem 129 hospitais privados em Portugal, que foram responsáveis em 2021 por 8.286.932 consultas, 995.148 episódios de urgência e 222.000 grandes e médias cirurgias.

“Estamos a falar de valores bastante significativos”: 22.000 consultas, 2.660 episódios de urgência e 564 cirurgias por dia, em média” precisou.

Sobre meios complementares de diagnóstico, Óscar Gaspar apontou que foram realizados 1,3 milhões de radiografias, mais 32% face a 2020, quase 1,5 milhões de ecografias (+34%), mais de 500.000 tomografias computorizadas (TAC), mais 40%, e 361 mil ressonâncias magnéticas (+36%).

“Uma das críticas que fomos ouvindo ao longo dos últimos anos da parte dos médicos é que tinha ficado por fazer muito diagnóstico em 2020 e que cada vez mais os doentes estavam a chegar numa fase mais tardia, numa fase mais complicada da sua doença aos hospitais, e o que conseguimos em 2021 foi ter um crescimento muito significativo”, disse, realçando que organizaram os serviços para dar resposta a uma procura que já existia desde o ano anterior.

Isto traduziu-se, em mais 30% de consultas de especialidade em 2021, mais 18% de urgências e mais 25% de cirurgias.

Apesar do “crescimento significativo” da procura das urgências, os hospitais ainda não retomaram o nível de 2019, o ano pré-pandemia, um fenómeno que acontece com os hospitais privados e com o SNS, afirmou.

Em 2021, foram realizados nos privados 12.218 partos, um número que Óscar Gaspar considerou “significativo”.

“Também podemos dizer que registámos mais de 611 mil diárias de internamentos nos nossos hospitais, atendemos 145.821 utentes em medicina dentária e acompanhamos mais de 16 mil doentes oncológicos durante 2021”, adiantou.

LUSA/HN

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