A criação da carreira de Técnico Auxiliar de Saúde e a aposta na formação são os principais objetivos destes profissionais, que representam 20% da força produtiva do Serviço Nacional de Saúde e se reúnem sexta-feira pela primeira vez.
“Queremos mostrar a importância da nossa profissão. Por exemplo, nos transplantes, ninguém entra no bloco operatório sem que o auxiliar de saúde garanta que a sala está devidamente descontaminada”, disse à Lusa o presidente da APTAS – Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde, que organiza o encontro, sublinhando a importância de ter auxiliares “com formação adequada”.
João Fael disse que estes profissionais de saúde – que no Serviço Nacional de Saúde (SNS) são cerca de 28.000 – foram “a categoria mais infetada com covid-19″, sobretudo por causa da falta de formação.
“Muitas pessoas, nesta fase, que estavam desempregadas, foram recrutadas para tarefas sem a mínima formação. E nós queremos que entrem pessoas nesta profissão com a devida formação e certificação, pois é um trabalho de grande responsabilidade”, afirmou João Fael.
O responsável lembrou que, no hospital, estes profissionais estão, por exemplo, “nos laboratórios, na farmácia, nos serviços de internamento, nas unidades de cuidados intensivos, nos blocos operatórios, no percurso da alimentação, na logística do material clínico e nas urgências”.
“Por isso é tão importante a formação nesta profissão”, insistiu João Fael, referindo que no encontro vão ser mostrados vários vídeos de médicos a explicarem a importância destes técnicos.
O presidente da APTAS disse que a profissão está com uma média etária muito elevada e que precisa de renovação, mas que as condições oferecidas não são atrativas. Como tal, reconhece que “eram precisos mais 3.500 a 4.000 auxiliares de saúde” no SNS.
“É um setor sensível, ganhamos o mínimo nacional e, além dos vencimentos serem baixos e as condições de trabalho não serem as melhores, em 2008 retiraram-nos a carreira que tinha mais de 50 anos”, afirmou o responsável, lembrando que o regresso da carreira foi uma das promessas deste Governo.
João Fael contou ainda à Lusa o episódio caricato que viveu quando a carreira terminou, em 2008: “Entrei no turno no dia 31 de dezembro como auxiliar de ação médica e no dia 01 saí como assistente operacional”.
Defendeu que o trabalho para criação da carreira de Técnico Auxiliar de Saúde desenvolvido por um grupo de trabalho que ouviu diversas entidades – entre elas as ordens profissionais, sindicatos e administradores hospitalares – não se pode perder.
“Entretanto, o Governo caiu e ficou tudo suspenso. Mas o trabalho está todo feito. Agora é só acertar, em sede de negociação, algumas coisas como as tabelas remuneratórias e saber quem passa para Técnico Auxiliar de Saúde”, explicou.
“O Governo colocou a criação da carreira no seu programa e está no Orçamento do Estado para 2022. Estamos convencidos que desta vez vai acontecer”, disse João Fael, acrescentado que a associação tem já um encontro de negociação marcado para dia 26 com a equipa do Ministério da Saúde.
Pode consultar o programa aqui
LUSA/HN
O Governo pretende tambem criar a carreira de tecnico auxiliar de saude e promover a integracao de medicos dentistas no SNS, recrutando os profissionais em “numero adequado aos gabinetes de saude oral dos cuidados de saude primarios”. O Governo pretende rever o modelo de financiamento dos hospitais e reforcar a sua autonomia de gestao ao nivel da contratacao de profissionais de saude, preve o Programa do executivo de Antonio Costa hoje entregue no parlamento.