Grupo armado rapta técnica de saúde

27 de Maio 2022

Um grupo armado raptou na quinta-feira uma técnica de saúde em Cabo Delgado, norte de Moçambique, e destruiu uma carga de medicamentos, disseram hoje à Lusa fontes locais.

A jovem seguia, num carro todo-o-terreno, de Pemba, capital provincial, para Meluco, vila sede de distrito, juntamente com um motorista e um técnico farmacêutico, quando foram emboscados na parte final do percurso, já fora da estrada asfaltada.

No carro levavam uma carga de medicamentos e uma motorizada para dar apoio à população flagelada por insurgência armada há quatro anos e meio.

Durante a viagem fizeram uma paragem em Muaguide e pouco depois, pelas 14:00 (13:00 em Lisboa) a 35 quilómetros do destino, junto à aldeia de Pitolha, um grupo armado abriu fogo sobre o automóvel.

O motorista e o farmacêutico conseguiram fugir, mas a técnica de saúde foi raptada.

Segundo a mesma fonte, os dois homens que sobreviveram ao ataque relataram às autoridades que os agressores deitaram fogo aos medicamentos que estavam dentro do carro.

Mais tarde, um blindado das forças militares que estava em circulação entre Meluco e Macomia, deparou-se com o grupo ainda junto da viatura que pertencia à equipa de saúde. Houve troca de tiros, mas o grupo armado recuou para as matas com a jovem e o automóvel emboscado foi rebocado pelos militares.

Suspeita-se que os agressores sejam os mesmos rebeldes que atormentam Cabo Delgado desde 2017 e que nas últimas semanas têm atacado partes do distrito de Macomia.

A mais recente incursão tinha acontecido na quarta-feira, na aldeia de Chicomo, onde foram abatidos sete civis, incluindo o xeque da mesquita local, disseram residentes depois de realizarem os funerais na quinta-feira.

As forças militares garantiram a segurança das cerimónias fúnebres.

Ainda assim, parte da população fugiu para as matas, onde pernoitaram, e outra parte procurou abrigo na sede de distrito, Macomia.

O mesmo cenário de medo viveu-se na quinta-feira em Meluco: a população ficou em pânico com a ideia de que o grupo armado está a fugir para oeste, em direção àquele distrito, pelo que várias famílias passaram a noite nas matas.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

LUSA/HN

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